Política

Câmara de Salvador faz debate sobre violência contra as mulheres

Participantes do encontro vão pedir mais segurança ao Estado
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 25/07/2016 às 23:07
Mulheres contra a violência e o femininicídio
Foto: Valdemiro Lopes

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara de Salvador promoveu na última sexta-feira, 22, no Centro de Cultura da CMS, a quinta edição do projeto Mulheres em Debate, realizado desde 2015. Participaram os vereadores Waldir Pires e Vânia Galvão (PT) e Aladilce Souza (PCdoB), presidente do colegiado.

“É importante que a gente grite, denuncie, constranja o agressor, mude a forma de educar as crianças. Não vamos aceitar o assédio e nenhuma forma de violência”, afirmou a cantora Aiace Felix, que abriu a roda de diálogo ”Pela vida das mulheres! Ações de enfrentamento à violência”.

A artista foi agredida no dia 3 de julho por um motorista de táxi no Rio Vermelho e relatou como reagiu, defendendo a melhoria do atendimento na Delegacia Especial da Mulher (Deam) e a mudança de valores na sociedade para combater o machismo.

Aladilce destacou o papel da Câmara na fiscalização dos serviços oferecidos pela rede de proteção às mulheres e os avanços com a Lei Maria da Penha: “Nossa prioridade é combater a violência, fruto do patriarcado e do machismo”.

Waldir prestou solidariedade às mulheres e cobrou eficiência do Estado: “É preciso fazer uma condenação exemplar dos agressores, essa violência estúpida deve ser combatida, é uma tragédia brasileira”. Vânia enfatizou a importância do debate de gênero nas escolas e reforçou a mobilização social contra a impunidade.

Foi aprovado pelos participantes o envio de um ofício à Secretaria de Segurança Pública com propostas para o aperfeiçoamento da rede, incluindo um núcleo de apoio às mulheres em Cajazeiras, a reabertura do Serviço Viver Periperi e treinamento de servidores através da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). As entidades firmaram também um acordo de manter a mobilização, estimulando a denúncia de todas as formas de violência, também através do Disque 180.

Processo lentos

A advogada Laina Crisóstomo, do grupo Tamo Juntas, que presta assistência jurídica gratuita às vítimas de violência, denunciou a lentidão na tramitação dos processos contra os agressores e defendeu a melhoria dos serviços de toda a rede, incluindo o Ministério Público e as Deams.

Segundo a analista da comissão, Iris Dourado, apenas 3% dos casos de violência contra as mulheres têm sentença consumada, reforçando a impunidade e a descrença na Justiça. A diretora do Sindidomésticos, Maria José Santos, propôs mais capacitação para os servidores que atuam nas delegacias e o cumprimento das medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha.

O toque artístico do encontro foi dado por Deusi Magalhães, do Grupo Rosas da Democracia, que declamou versos de cordel, e pela cantora Velka Fahel.

Participaram ainda do encontro representantes do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública (Nudem), Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres (SPM), Grupo Tamo Juntas, Sindicato das Domésticas, Movimento Vai ter gorda, Centro Maria Felipa da Polícia Militar, Associação de Mulheres de Cajazeiras, União pela Igualdade (Unegro) e a Rede de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres.