Política

CARNAVAL DE 2016 revela algumas tendências e fadiga de materiais, p TF

Camarotes têm 10 dias úteis para desmontar suas estruturas nos circuitos da folia
Tasso Franco , da redação em Salvador | 10/02/2016 às 19:15
O cacique Brown não perdeu o pique, mas não empolga mais
Foto: Fred Pontes
   MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. O Carnaval de 2016 em Salvador revelou algumas tendências, em parte já observadas em 2015, do empobrecimento da qualidade musicial exposta nos circuitos. E mais: o surgimento de sucessos esporádicos que só duram um ano, quando muito; da mudança de comportamento de algumas estrelas que passaram a dividir seu tempo de folia com outros estados; do envelhecimento natural de alguns artistas que já não empolgam como empolgavam antes; do avanço do samba; da estagnação dos afro-baianos e de uma maior participação dos minitrios.

   2. No campo popular, hoje, o maior ídolo do segmento das invasões e dos guetos é Igor Kannário quer goste-se ou não dele. É só verificar o arrastão que promoveu na segunda do Carnaval e a quantidade de gente que havia no centro seguindo seu trio, e mais a quantidade de policiais. Essa posição, em parte como fenômeno de massas, já foi ocupada por Carlinhos Brown, o qual não empolga mais como acontecia há 5/10 anos; nem Márcio Vitor (Psirico) que dominou com lepo-lepo no ano passado; nem Xandy, do Harmonia, que se mantém firme, mas, não mais o mesmo.

   3. A novidade musical foi o trá-trá-trá da 'metralhadora' de Thais Reis, achado de marketing e só. Música sem qualidade, sem poesia, sem nada. Foram tantas as explicações para a música sobre a possibilidade de incitar a violência, que até a sensualidade da mulher entrou no samba. 

   4. Bell Marques, que já foi um fenômeno das massas, mesmo puxando um trio com cordas, hoje, mesmo num trio sem cordas perdeu o carisma. E Durval Lelys, o grande Durvalino criativo de outros carnavais, da manivela e sucessos mis, envelheceu.  Tuca, Tomate, bons puxadores, decairam.

   5. As grandes estrelas estão dividindo cenários entre Salvador, Rio, SP e Recife. Daniela é sempre linda de se vê com coreografias maravilhoas mas sofre da 'fadiga de materiais'. Ivete e Claudia ainda são as grandes estrelas e também passam por esse processo de repetições, looks, etc, o que é dificil e desgastante. Mari Antunes passou batida. Aline Rosa faz o feijão com arroz e capricha nos looks. Vinna Calmon, discreta. Maragreth Menezes segue com seu afropop sem grande sucesso.

   6. Os afros passam batidos. Cantam músicas dificeis e próprias para eles mesmos. Alguém sabe a música do Ilê, de 2016? E a do olodum? E a do Malê Debalê? Estão se repetindo sem saber como sair dessa trilha. O Ganhy é uma coisa a parte, folclórica, cultural. Os demais estão quase invisíveis da midia e do grande público.

   7. Nada que deprecie o Carnaval de Salvador. São momentos da vida da folia. Ainda se canta aquela música xarope de Nizan (Salve Salvador) como se fosse algo extraordinário. Colombina, o hino do Momo, foi pro espaço. E os sucessos antigos de Moares Moreira e Caetano Veloso só eles cantam. Armandinho segue um fenômeno, mas, não agrada tanto quanto na época de Osmar. Evenlheceu e com ele toda a equipe.

   8. O que fazer, como sair desse novelo? Dificil. O Carnaval virou um grande shozão de rua. Mas outras estados já copiaram a receita e até a discreta harmonia dos mineiros lotou a cidade de Belo Horizonte com seus blocos. O Rio, idem. SP segue o mesmo caminho. E Recife tem seu Carnaval próprio, agora, com nossa maior estrela no último dia da folia, sem virose.

   9. Sempre a cada Carnaval que se passa fala-se em renovação, releitura e não sei mais o quê. Tudo conversa fiada. O Carnaval tem seu rito. Neste 2016, salvo a 'metralhadora' ambulante não surgiu nada de novo e caiu em qualidade musical. 
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   10. A insistência do prefeito ACM Neto (DEM) em defender um modelo de patrocínio do carnaval que estabelece a obrigatoriedade de venda e consumo de uma determinada marca de cerveja nas ruas dos circuitos de Salvador é, na opinião do vereador Gilmar Santiago (PT), a confirmação de esta é uma gestão autoritária, antipopular e contraditória.

   11. "O prefeito insiste em um modelo condenado pelo povo, um modelo que fere a livre concorrência tão defendida pelos neoliberais do partido dito Democratas, viola as liberdades individuais e massacra os ambulantes", critica Gilmar. Ele acha lamentável que em vez de dialogar com pais e mães de família que tiram do comércio ambulante de cerveja o seu sustento, o prefeito prefira usar a agressão verbal, chamando-os de "baderneiros", e a violência física, com a truculência da Guarda Municipal.

   12. A Coreia do Norte executou o chefe de seu Estado-Maior, Ri Yong-gil, acusado de corrupção, informou nesta quarta-feira a agência sul-coreana Yonhap . A execução aconteceu na semana passada, depois que o militar fora acusado de enriquecimento e conspiração, de acordo com uma fonte citada pela agência, que não revela seu nome.

   13. A informação é divulgada em um momento de plena tensão em torno do regime de Kim Jong-un, depois que no domingo passado a Coreia do Norte lançou um foguete para pôr em órbita um satélite que a comunidade internacional considera uma prova encoberta de mísseis balísticos.

   14. Ri, que estava no cargo desde 2013, foi substituído por Ri Myong-su, ex-ministro da Segurança, segundo a mesma fonte.

   15. Neste último dia de Carnaval, a Superintendente de Política para as Mulheres fez um balanço positivo em relação ao número de casos de violência registrados pela equipe do Observatório da Discriminação Racial, LGBT e Violência contra a Mulher nos circuitos da folia este ano. 

   16. Segundo a superintendente Mônica Kalile, até o momento 608 casos foram observados. Se o número se mantiver até o final da folia, será inferior aos 780 verificados no ano passado. 

   17. Também foram registrados 524 casos de mulheres em situação de vulnerabilidade social e 46 de descumprimentos ao Estatuto do Carnaval. “Espero que o número seja reduzido. Positivamente, acho que o Carnaval está sendo diferente esse ano. Ontem estive no Afoxé Filhos de Gandhy, panfletando e entregando adesivos e não notei nenhum beijo forçado. Eles estão de nota mil”, disse Kalile.
 
   18. A população também tem abraçado a campanha. O WhatsApp de denúncias do Observatório, lançado este ano pela Prefeitura por meio da SPM, recebeu 1023 mensagens. Dentre elas, 817 foram de elogios pela iniciativa. E as outras 204 denunciavam um comentário feito por Léo Santana na noite de sábado e que, segundo foliões, teve cunho homofóbico. 

   19. Além de monitorar e registrar as agressões contra mulheres para a realização de ações futuras, equipes do Observatório e da SPM entregam panfletos, abanadores e adesivos com mensagens educativas nos dois circuitos do Carnaval
 
    20. Equipes do Centro de Referência de Atenção à Mulher Loreta Valadares estão de plantão nas duas Delegacias Especiais de Atenção à Mulher até este fim de Carnaval. Segundo a superintendente Mônica Kalile, os números se mantêm estáveis em relação ao ano passado e não houve presos por agressão à mulher. 

   21. Diante das ações do Observatório, nenhuma mulher foi encaminhada à casa de acolhimento às vítimas de violência disponibilizada de forma inédita no Garcia pela Secretaria de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza (Semps). 

   22. Com o objetivo de verificar a qualidade da água fornecida pelos estabelecimentos nos circuitos oficiais da folia, a Vigilância em Saúde Ambiental de Salvador (Visamb), órgão ligado à Secretaria Municipal da Saúde, realizou durante o carnaval 291 inspeções em módulos assistenciais, camarotes e bares localizados nos circuitos da festa. 

   23. De acordo com balanço realizado nesta quarta-feira (10), 252 amostras de água foram coletadas e 42 apresentaram resultado fora do padrão. Grande parte das amostradas coletadas e que apresentaram problema estavam com teor baixo de cloro, o que significa um risco para a saúde humana. Os estabelecimentos foram orientados a resolver o problema com um prazo de 24h, quando a equipe da VISAMB voltou ao local para verificar as adequações.

   24. Tem início na quinta-feira (11) o processo de desmontagem dos camarotes, praticáveis, palcos, arquibancadas e demais estruturas erguidas para o período carnavalesco.  O processo segue a regulamentação do Decreto Municipal 20.505/2009. 

   25. De acordo com o diretor de Fiscalização da Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom), Murilo Aguiar, o processo deverá ser iniciado imediatamente pelos proprietários após a finalização da festa de Momo para evitar penalização. 

   26. “Os proprietários dos camarotes têm até dez dias úteis para fazer a desmontagem das estruturas que foram instaladas para o Carnaval. Caso este prazo seja descumprido, a Sucom emitirá uma multa para o espaço, que neste caso é diária. ”, frisou.
 
   27. Além da remoção dos equipamentos dos circuitos oficiais da festa as empresas também deverão iniciar a recuperação dos espaços públicos que foram danificados pela montagem das estruturas. “O material danificado onde as estruturas foram armadas é de responsabilidade dos proprietários. Por isso, o processo de recuperação do espaço deve ser iniciado com brevidade para não prejudicar o funcionamento da cidade após a festa”.
 
   28. Todos os camarotes já foram notificados pela Sucom para dar início imediato a desmontagem. A multa para quem não cumprir a determinação corresponde a R$2.242,87 por dia de atraso. Para não acarretar riscos a pedestres e não atrapalhar o fluxo do trânsito durante o serviço as empresas devem garantir que a área esteja sinalizada e que o trabalho não obstrua a via pública. Agentes da Sucom farão o monitoramento dos espaços para garantir que a desmontagem ocorra dentro do prazo estimado.