Política

CARNAVAL de Salvador é participativo e democrático desde 1884, por TF

A participação e a democratização se unem no Carnaval de Salvador, no seu estilo
Tasso Franco , da redação em Salvador | 09/02/2016 às 18:47
Filhos de Gandhy com cordas
Foto: DIV
    MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. A moda agora é defender um suposto Carnaval democrático em Salvador, isso na fala de politicos, artistas, autoridades, possíveis ativistas e outros, quando todo mundo sabe que o Momo da capital baiana sempre foi (e continuará sendo) participativo e democrático dentro da realidade brasileira. Nasceu assim, passou por ciclos diferenciados, ora mais excludente; ora menos excludente; e continuará sendo assim.

   2. É só olhar a tendência dos últimos 10 anos com a profussão de camarotes no circuito Barra-Ondina, capitaneados inicialmente por Daniela Mercury, postos dentro do sistema capitalista onde só tem acesso quem paga. E isso é abrangete a todas as classes sociais, dos mais caros; aos mais baratos e ninguém escapa tanto que o Ilê Aiyê que é um bloco afro tem seu camarote pago no centro; e Gilberto Gil tem seu camarote só para convidados especiais bancado por empresas.

   3. Isso diminui a democracia no Carnaval? Não. Era assim em tempos idos com os camarotes dos hoitéis da Rua Chile, especialmente o Pálace, e com as marquises da Av Sete. As familias que não podiam levavam suas cadeiras e bancos para a avenida, demarcavam um local e assistiam a festa. Ninguém reclamava. As arquibancadas  da Prefeitura no Campo Grande sempre foram muitos disputadas e são também uma forma de democratização do Carnaval. As pessoas adoram ir pra lá.

   4. Virou mania dizer-se na atualidade que o importante são os trios sem cordas. É uma demagogia que não tem mais tamanho. Se um patrocinador paga R$500 mil para uma cantora puxar um trio sem corda, isso representa democratização do Carnaval? De forma alguma. Se ela puxasse o trio dela sem patrocinador, numa boa, aí sim. 

   5. Ainda hoje, todos os blocos saem com cordas, desde os de trios, os afro, os afoxés, os de samba, os de indios e outros. Tem algum sentido, por exemplo, o bloco Filhos de Gandhy sair com cordas e são 3 a 4 mil homens juntos? Tem. Isso porque, os blocos são entidades de direito privado e as pessoa pagam para brincar neles, num espaço pré-determinado. Isso deixa de ser democrático? De forma alguma. Vive-se num país capitalista. É assim em tudo: para ir ao Sarau do Brown, paga-se; para ir ao ensaio do Olodum, paga-se.

   6. Veja que incoerência ou sei lá o que além da parte demagógia: os trios elétricos foram os responsáveis pela popularização do Carnaval, a tal democratização. Todo mundo ia atrás de um trio, a partir dos anos 1960, e Caetano Veloso chegou a fazer uma música cantando que só não ia atrás de um trio quem já tivesse morrido. Antes, havia os prachões dos clubes Fantoches e outros nas ruas e as batucadas, cada qual em seu espaço.

  7. No meu tempo de jovem dezenas de vezes acompanhei os trios da Saborosa e dos Tapajós. A Praça Castro Alves foi quem popularizou ainda mais o Carnaval levando a classe média para as ruas e acabando com os bailes dos clubes. Quando a Caetanave subiu a Ladeira da Montanha para embicar na Carlos Gomes foi um delírio. O homem chegava a lua e o Carnaval ao povo.

   8. Depois, o que é natural no mundo capitalista, vieram os blocos e as vendas iniciais das mortalhas (hoje, abadás) em todos os níveis. Os Apaches, que era um bloco de índios do Tororó, vendia sua mortalha; o Comanches, com Jorginho, idem; o Tiete Vips, que de vips só tinha o nome, reunia uma boa parte da 'torcida do Bahia', tudo pago. Ninguém escapou desse modelo.

   9. Quer saber mais: teve uma época que gostoso era sair na pipoca do Chicletes com Banana, isto é, do lado de fora da corda; e teve uma época, que ficava-se estacionado na Praça Castro Alves curtindo os trios, todo mundo junto e misturado, só saindo do lugar para ir fazer xixi num quadradinho que tinha com areia na barraca de Noé.

   10. Louve-se, as iniciativas dos blocos sem cordas, dos blocos alternativos, do Furdunço e outros. Mas isso já tem muito tempo. Nos 450 anos de Salvador já se fazia isso. Os Mascarados tem 22 anos. Daniela já puxa trio sem cordas há 17 anos. O ex-prefeito João Henrique montou um cavalo na Mudança do Garcia que tem mais de 50 anos. O Carnaval de Cajazeiras tem trintaanos. Sabe o que se passa por lá? um shozão. As pessoas ficam numa praça e pronto curtindo a folia. Asssim também é em Periperi.

   11. Então, vamos parar com esse lero-lero de que fulando está democratizando o Carnaval; que isso é obra de beltrando, quando, na verdade, é um processo. A cidade se movimenta ao seu modo e vai incorporando valores e ações ao seu estilo. Assim nasceu o Carnaval do Pelourinho onde tudo começou com as bexigas de limão no século XIX, festa vista e descrita por Charles Darwin.

   12. Quando o governo da Bahia criou o circuito Batatinha não foi pra democratizar nada. O objetivo era (e ainda é) reservar um espaço na cidade para as pessoas que não aguantam mais ir atrás de um trio, que são idosas e outras, e que curtem uma outra levada.

   13. O Caranval de Salvador é, portanto, mais participativo do que democrático no sentido pleno da palavra, mas, conjunga as duas coisas juntas, desde sua criação oficial em 1884.
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   14. Nesta quarta-feira de Cinzas, o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, concederá uma coletiva de imprensa sobre o lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016. O evento será às 14h, no auditório 1 do Centro Arquidiocesano de Pastoral - Cúria Bom Pastor (avenida Leovigildo Filgueiras, 270 - Garcia). 

   15. Ao lado de Dom Murilo estarão o reverendo Bruno Almeida, pároco da paróquia Anglicana do Bom Pastor; o pastor Nelson Kilpp, da Igreja Luterana; e a reverenda Sônia Mota, da Igreja Presbiteriana Unida e representante da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE.

   16. O Governo do Estado apresenta o balanço do Carnaval 2016 no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, no Largo dos Aflitos, às 10h desta quarta-feira (10). Participam da reunião destinada à imprensa, os secretários e gestores dos órgãos estaduais envolvidos  na operação da festa, incluindo a cúpula da segurança pública.

   17. O prefeito ACM Neto comanda coletiva para apresentar o balanço final do Carnaval deste ano a partir das 11h desta quarta-feira (10), no Camarote Oficial da Prefeitura, localizado no Campo Grande. O prefeito e todos os secretários e dirigentes de órgãos públicos envolvidos com a festa estarão presentes para divulgar as informações e ficarão à disposição da imprensa. 

   18. Esse atraso de vida é só na Bahia. 

   19. Criadas para facilitar a circulação dos moradores das regiões dos circuitos do Carnaval, as credenciais de acesso nem sempre têm sido utilizadas da forma correta. Algumas unidades foram alugadas ou vendidas durante a folia. Até a manhã desta terça-feira (09), A Superintendência de Transito de Salvador (Transalvador) já havia apreendido 310 credenciais por falsificação ou uso irregular.
 
   20. credenciais permitem o livre acesso de moradores às vias do entorno dos circuitos, sendo possível a identificação de seus donos por meio do código de barras de cada adesivo. Os proprietários das credenciais que estavam sendo vendidas, alugados ou utilizadas para transporte clandestino e até mototáxi serão excluídos do cadastro de envio da autarquia no próximo Carnaval.
 
   21. Os adesivos têm elementos para evitar falsificação e uso indevido. Entretanto, entre as apreensões, estão adesivos falsificados de forma grosseira. "Este ano, pensando no conforto dos moradores, distribuímos as credenciais mais de um mês antes do Carnaval, o que pode ter facilitado a ação dos falsificadores e o comércio ilegal dos acessos", destacou Fabrizzio Muller, superintendente da Transalvador, durante coletiva de balanço nesta terça-feira (09), na Sala de Imprensa Oficial do Carnaval.

   22. Vergonhoso isso, de moradores venderem adesivos, mas, é a cara do Brasil.

   23. Há mais de cinco anos a Polícia Militar da Bahia monta um esquema de coleta, triagem e entrega de documentos perdidos durante o Carnaval. O objetivo é proporcionar ao cidadão um canal facilitador de consulta e recuperação destes documentos.

   24. Segundo o major Everaldo Maciel, responsável pelo serviço, até o momento aproximadamente dois mil documentos foram lançados no sistema, mas esses números devem aumentar, com a extensão do cadastro até esta sexta-feira (12).

   25. Os documentos poderão ser resgatados na próxima segunda (15), no posto de atendimento do SAC do Shopping Barra, das 8 às 18h. A consulta deverá ser feita por meio do site  da PM (www.pm.ba.gov.br), no link ‘documentos perdidos’ para confirmar se o documento está entre os catalogados. 

   26. O  serviço de entrega terá validade de 30 dias. Após este período, os documentos serão encaminhados aos órgãos expedidores.