Política

CÂMARA derruba proposta de criação de conselhos populares p/ governar

Governo quer enfraquecer a Câmara e o Senado
O GLOBO , BSB | 29/10/2014 às 20:48
Ministro Gilberto Carvalho criticou a derrubada da matéria
Foto: DIV
O ministro da Secretaria geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse nesta quarta-feira que a derrota que o governo sofreu nesta terça-feira na Câmara, que derrubou o decreto presidencial que amplia os mecanismos de participação popular no governo, como "vitória de pirro". Segundo ele, a decisão da maioria dos deputados foi "anacrônica e contra a vontade irreversível da população". E no fundo, disse, não passa de uma vontade de impor um revés político à presidente Dilma Rousseff.

— Foi uma vitória de Pirro. Nada mais anacrônico, nada mais contra os ventos da história, nada mais do que uma tentativa triste de se colocar contra a vontade irreversível do povo brasileiro, que é a vontade de participação. Os que votaram a favor da derrubada do decreto quiseram ir contra uma lógica que jamais segurarão: o povo brasileiro não aceita mais uma postura de mero espectador. Ele vai participar — disse Gilberto, para depois concluir:

— É uma vitória que não significa nada, a não ser uma vontade conservadora de impor uma derrota política à presidenta. Mas é uma derrota que não nos abate.

A expressão "vitória de Pirro" refere-se a uma vitória extremamente dolorosa e penosa. Consta que o rei Pirro, do Épiro, região periférica à Grécia, após vencer os romanos na batalha de Ásculo em 279 a.C. e ao constatar as baixas que levaram à vitória, teria dito que ela quase o arruinou completamente.

Após a batalha de Ásculo contra os romanos, o rei de Épiro, Pirro, teria dado uma declaração que se tornou famosa. Ao felicitar seus generais depois de verificar as enormes baixas sofridas por seu exército, ele teria dito que com mais uma vitória daquelas estaria acabado. Desde então, a expressão "vitória de Pirro" é usada para expressar uma conquista cujo esforço tenha sido penoso demais. Uma vitória com ares de derrota.

O ministro, que desde quando o decreto foi editado, em maio, vem trabalhando para evitar a derrota de ontem, disse que o governo não vai desistir de ampliar a participação da sociedade. Ele pontuou que o decreto presidencial pouco altera o atual status dos conselhos sociais que já existem no Brasil há mais de 20 anos. E que era uma tentativa do Executivo de organizar essas estruturas.

Para Gilberto, a derrota que o governo sofreu ontem só reforça a tese do governo de que só será possível uma reforma política com "forte mobilização popular". Ele aproveitou para defender inclusive que nessa reforma o modo como são escolhidos os representantes seja revista
 
Ao chegar ao Ministério das Cidades na manhã desta quarta-feira, o ministro lamentou a decisão da Câmara.

— Pois é, lamentável – disse o ministro ao GLOBO, pouco antes de entrar no auditório para a abertura da Conferência das Cidades.