Política

DEBATE DA BAND: faltou o tom da Rosa, da esperança, por TASSO FRANCO

Ninguém conseguiu passar uma mensagem de esperança aos baianos
Tasso Franco , da redação em Salvador | 29/08/2014 às 11:41
Primeiro debate na TV Band abre série entre candidatos a governador
Foto: Cooperphoto
   O primeiro debate realizado na Bahia entre os candidatos a governador do Estado, na noite de ontem e primeira hora da madrugada de hoje, na TV Band, mostrou que os candidatos estão, literalmente, com "sangue na boca". Foram de uma agressividade nunca vista na abertura da temporada de debates da TV, uns contra os outros, ninguém conseguindo passar para o telespectador uma mensagem de esperança, de união, tal como prega com sucesso a candidata Marina Silva.

   Todos leram pelas cartilhas dos marketeiros e pareciam assustados, até mesmo os mais experientes em debates como Paulo Souto (DEM) e Lidice da Mata (PSB). Rui Costa (PT), o noviço em debates, se apresentou com um tom de voz acima do seu normal e nem parecia o Rui que todos conhecem no meio político. Marcos Mendes (PSOL) foi o único que não surpreendeu neste aspecto visto que sempre aparece em debates em tom de firmne a agressivo. E Da Luz, antes espirituoso, perdeu essa característica, e também saiu dando bodurnadas.

   Parece até, que esse time de competidores, não está acompanhando o fenômeno nacional de Marina Silva, a qual sem tempo na TV para apresentar as tais propostas que todos supostamente esperam, prega uma mensagem de esperança, de governar com os melhores, de por fim a corrupção no governo e de reconhcer o que de bom fizeram FHC e Lula da Silva. 

   Lídice, que poderia ter entrado nesse jogo, ainda tentou passar no final do debate essa ideia de que representa o novo na medida em que DEM e PT já governaram o estado, mas, se perdeu no exemplo de que fará um governo no modelo Eduardo Campos em Pernambuco.

   Ora, o eleitor baiano não conhece esse modelo eduardino de Pernambuco e até nem gosta de fazer comparativos com o estado vizinho, pois, no imaginário popular, a Bahia se acha melhor do que Pernambuco; e vice-versa. 

   Ademais, a senadora que poderia se diferenciar dos demais no debate, só falou da "picuinha" entre ambos no final e não se colocou no inicio como essa alternativa. Na resposta que deu a Rui Costa sobre os investimentos que faria no sistema hídrico do estado foi de um embromatório enorme. Rui, se fosse espirituoso, com finesse, poderia ter triturado Lidice, mas, preferiu navegar por um mar de promessas que, salvo melhor juizo, o eleitor desse horário da TV não acredita.

   Aliás, diga-se: Rui criou uma espécie de "prometômetro" em quase todas as suas falas, tentando fazer um contra-ponto com Paulo Souto "aquele que não faz nada além do que prevê o orçamento", que é dificil de imaginar como possível, até porque, esteve no governo Wagner por 8 anos como a oportunidade de fazê-lo e não fez. 

   Agora diz que construirá 7 hospitais em 4 anos o que é uma tarefa bastante dificil, na medida em que seriam quase 2 hospitais novos e equipados ao ano, tecnicamente quase impossível de serem feitos. 

   Paulo Souto esteve razoavelmente bem no debate, mas, passa ao telespectador a imagem de que está olhando para vários pontos do cenário, o que demonstra preocupação no que fala. 

   No embate com Rui e vice-versa sairam-se bem. Cada qual teve seu ponto forte e ponto fraco. Souto, favorecido com a pergunta inicial do programa (por sorteio) deu-se bem na questão da (in) segurança e passou bem a mensagem que está pregando nas praças públicas, do que chama holocausto baiano e o assassinato de 37.000 pessoas no governo Wagner.

   Rui, que poderia ser mais explicito nessa questão, ter falado um pouco mais sobre o Pacto pela Vida e outros programas do governo, como o reequipamento das Policias, entrou no plano nacional colocando esse item como um fenômeno brasileiro. 

   Quem também esteve bem neste quesito foi a senadora Lidice da Mata quando, aí sim, foi na questão conceitual, no âmago do problema, no que ela classificou como uma quedra de relações entre a Policia e o governo, por falta de diálogo e entendimento entre as partes.

   O debate, em resumo, foi um esquenta, um barrufa galo inicial. Revelou uma elevação nos tons das campanhas, Rui mais afirmativo até para mostrar que tem autonomia, que não seria um "poste" como pregam seus adversários em palanques; Lidice da Mata com seu perfil de uma combatente que não entrega as armas facilmente e quer participar da polarização na disputa; Souto, o líder das pesquisas, bastante seguro, porém, sempre conservador; Marcos Mendes, franco atirador, muito firme e centrado na ideia de que quem comanda a politica e o poder no país são as grandes empresas financiadoras das campanhas; e Da Luz prosaico, gentil, apostando numa meritrocia poética.

   Na visão dos candidatos todos ganharam. Essa é uma lógia e ótica normais das campanhas. E ganharam mesmo porque todos tiveram seus pontos de destaque.

   E, claro, na visão dos eleitores, todos ganharam e perderam, porque tiveram momentos bons e ruins no debate. Como o eleitor é quem decide fica com ela as opções. 

   A Band Bahia, como sempre, saiu-se bem. A mediadora Carolina Rosa atuou de forma discreta e com firmeza. Taí, os candidatos deveriam ter adotado o tom da Rosa nos debates. Faltou exatamente isso, uma fala de esperança convincente.