Política

TRABALHADORES do call center do BB denunciam irregularidades na CMS

Os funcionários queixam-se de assédio moral e humilhações
, da redação em Salvador | 30/07/2014 às 19:16
Audiência que discutiu a situação dos trabalhadores
Foto: Antonio Queirós

A Câmara de Salvador realizou audiência pública nesta quarta-feira, 30, para discutir a situação dos trabalhadores terceirizados da Grenit Telemarketing e Tecnologia, que atuam no call center do Banco do Brasil em Salvador. Eles relataram irregularidades como baixos salários, assédio moral, humilhações diárias e atrasos nos pagamentos dos direitos trabalhistas.

O debate foi promovido pelo vereador Hilton Coelho (PSOL), com o objetivo de garantir a preservação da dignidade dos trabalhadores e acabar com os abusos, ouvindo as queixas da categoria e as justificativas da empresa. Segundo o edil apesar das tentativas de intermediação da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), a situação está “muito longe de ser resolvida”.

A funcionária da Grenit, Amanda Santana, queixou-se das dificuldades: “Estamos sendo massacrados psicologicamente. Somos humilhados todos os dias. Sempre somos pagos com atraso. Recebemos o pagamento do transporte de forma fracionada. Não temos direito nem de ir ao toalete no horário de trabalho. Quando tentamos fazer algum financiamento com o nosso FGTS, descobrimos que não foi depositado. O Banco do Brasil está cego? A Delegacia do Trabalho está cega? Sem os teleoperadores, a Grenit e o Banco do Brasil não andariam. Por isso, não entendo o porquê desse tratamento”.

Na opinião do vereador a empresa, que chegou à Bahia em 2007, “virou um centro de terror para as pessoas que lá atuam. A filial de Salvador iniciou as operações atuando no Banco do Brasil. Estamos lutando para devolver a dignidade desses trabalhadores”.

De acordo com o representante do Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações da Bahia (Sinttel), Ueider Pires, de cada dez trabalhadores que procuram a entidade para fazer algum tipo de reclamação, sete reclamam de problemas psicológicos em função dos abusos sofridos. “Para nós, não existe terceirização sem precarização. Somos totalmente contra a terceirização. É uma escravidão o que se passa com esses trabalhadores”, afirmou Pires.

A pesquisadora Ana Soraia Vilas Boas relatou que estatísticas do INSS apontam que os trabalhadores de call center têm tendência a ter doenças psicológicas: “Investimentos no físico e no psicológico dos funcionários precisam ser realizados. Essa empresa de call center procura pessoas excluídas, jovens e negros para trabalhar lá para que possam continuar fazendo abusos”.