NOVA TECNOLOGIA PARA COMBATER A VASSOURA DE BRUXA É DISSEMINADA

Encontro foi na Ceplac
| 28/02/2008 às 17:35
Agrônomo Deraldo Ramos Vieira (Foto/Ceplac)
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   Um grupo produtores de cacau e extensionistas dos escritórios regionais da Ceplac nos municípios de Ilhéus, Itabuna, Ipiaú e Camacan participou esta semana, da palestra "Indução de Resistência Sistêmica para o Controle da Vassoura-de-Bruxa em Cacaueiros", proferida pelo agrônomo Deraldo Ramos Vieira, no auditório do Centro de Pesquisas do Cacau, na rodovia Ilhéus-Itabuna.

  A tecnologia consiste na ativação do sistema de defesa da planta contra agentes externos bióticos ou abióticos com aplicação de sacarose.


  Especialista em Fisiologia Vegetal e lotado na Estação Experimental Sóstenes de Miranda, mantida pela Ceplac em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo baiano, há 12 anos que o pesquisador vem realizando experimentos em plantas do Centro de Pesquisas do Cacau (Ceplac/Cepec) e fazendas de cacau utilizando o clone ICS-1, conhecido por sua suscetibilidade à doença, em clones distribuídos pela Ceplac, áreas de cacaueiros híbridos antigos e da variedade comum.
 
  Os resultados são animadores e a tecnologia começa a ser repassada aos extensionistas.


   Pesquisas do Cepec durante seis anos permitiram a identificação de uma molécula simples, a sacarose, que, na concentração de 0,45 Molar induz a resistência da planta do cacaueiro contra a vassoura-de-bruxa, doença causada pelo fungo Moniliopthtora perniciosa, que há 20 anos atacou a lavoura de cacau do sul da Bahia causando graves prejuízos à produtividade e à produção, que caiu de cerca de 400 mil toneladas para menos de 100 mil toneladas. Como conseqüência levou ao empobrecimento do produtor e à dívida de cerca de R$ 800 milhões, além de desemprego a cerca de 250 mil trabalhadores rurais.  


A TÉCNICA


A indução de resistência à vassoura-de-bruxa foi provocada com a aplicação de 2,5 ml/planta via injeção no tronco em dose única ou pulverização foliar de 10 a 15 ml/planta, com três a cinco aplicações ao ano, a depender das condições climáticas e epidemiológicas da plantação, sem perda de eficiência.

Os resultados mostram uma redução de 70% de infecção em vassouras vegetativas e almofada e 80% na infecção de frutos, segundo relato aos extensionistas feito por Deraldo Ramos Vieira. O pesquisador pediu cautela na aplicação da técnica que dentro de 60 dias será incorporada no Manejo Integrado para Controle da Vassoura-de-Bruxa, recomendado pela Ceplac.


A injeção no tronco pode ser realizada com seringa plástica comum, a uma altura de 80 centímetros do solo e a pulverização pode ser feita com um pulverizador costal manual. Além da eficiência do referido indutor, também foram considerados os seguintes aspectos: baixo custo do produto, o que facilita sua utilização pelo pequeno produtor; baixo a nulo impacto ambiental, por não ser tóxico para o homem e nem agressivo ao meio ambiente; protege o sistema foliar contra alguns insetos herbívoros; fácil aquisição; estimula o florescimento do cacaueiro; recupera áreas degradadas por ataques de pragas; tem ação no Ceratocystis fimbriata e é compatível com agricultura orgânica