Saúde

MEETING SAÚDE DA SANTA CASA: Médico quer maior participação no sistema

Uma das questões levantadas pelos profissionais médicos é de que eles estão desaparecendo como seres individuais
Tasso Franco , da redação em Salvador | 25/04/2015 às 16:27
5º Meeting de Saúde foca sua atenção no paciente e nos investimentos do setor
Foto: BJÁ
  No segundo dia do 5º Meeting de Saúde promovido pela Santa Casa da Bahia no Tivoli da Praia do Forte, neste sábado, quando aconteceu uma mesa redonda abordando o tema "O Desafio entre o equilíbrio dos melhores resultados e a entrega do valor para o paciente", mediada por Gilson Feitosa, as conclusões preliminares retiradas após mais de 3 horas em exposições e debates, são de que o segmento saúde (pública e privada) carece de financiamentos, há escassez de recursos mesmo diante de tanta otimização, ede que é preciso mais lideranças e união para conseguir melhorar a qualidade do atendimento.

   Segundo o médico Gilson Feitosa é visível a retração dos investimentos na saúde com reflexões no desenvolvimento do setor e no atendimento ao paciente, a atitude comportamental e politica ainda fica a desejar e o desafio da eficiência garantindo a sustentabilidade, pode acontecer em alguns casos isolados, mas, está longe de ter uma abrangência maior. "A questão é enorme e complexa, mesmo na crise há espaços para inovações, mas, ainda se tem um longo caminho a percorrer", disse o mediador.

   A mesa de expositores e debatedoras com a platéia constituida basicamente por médicos foi formada pelo secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas Boas; pelo secretário municipal da Saúde de Salvador, José Antonio Rodrigues Alves; pelo presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP), Francisco Balestrin (SP); pela consultura representante da UNIDAS (União Nacional das Instituições de Autogestão da Saúde), Denise Rodrigues Eloi de Brito; mediada pelo diretor de Ensino e Pesquisa do Hospital Santa Izabel, Gilson Feitosa.

   Cada qual apresentou seus pontos de vistas, os médicos contestaram algumas posições apresentadas e como o tema é muito complexo incluindo a visão das operadores de planos de saúde há permissas, há diagnósticos preliminares, porém, nada definitivo. A realidade é que o segmento passa por uma crise não só no plano dos financiamentos, mas, até de identidade. Para o doutor Joel, um dos interlocutores da platéia, uma das questões que fica no ar é por que os planos de saúde, hoje, se recusam a fazer convênios com médicos individuais e só preferem (ou aceitam) grupos, empresas e/ou cooperativas.

   Segundo Denise essa é uma questão que está sendo analisada pelas operadoras, mas, esse desejo tem partido mais dos médicos em grupos, em cooperativas, do que em profissionais individualmente e os planos, como têm uma visão multidisplinar seguem os desejos do mercado.

  ESTARIA O MÉDICO INDIVIDUAL DESAPARECENDO?

   Boa questão a ser analisada. Em certo sentido, sim. Aquele médico que abria consultório isolado, que cobrava dividendos por seus serviços é a cada dia mais raro. 

   Profissionais médicos presentes ao encontro defenderam uma maior inserção do médico como ator mais imporante dentro do processo. Antonio Dórea chegou a dizer que "o médico é o operador da saúde e deveria, no mínimo fazer parte da mesa dos debates". Defendeu ainda uma maior atenção com o acolhimento ao paciente situando que, em alguns casos, atender-se 40/50 pacientes está fora da realidade.

   Para Francisco Balestrini o desafio entre o equilibrio de melhores resultados e a entrega do valor para o paciente passa para uma mudança de atitude que a ANAPH vem perseguindo. "O brasileiro gasta mais em saúde do que os governos nos três níves - federal, estadual e municipal - e é preciso se criar um novo modelo de saúde priorizando o paciente". 

   Segundo Balestrini o Brasil não mede a complexidade do atendimento aos clientes, é preciso saber o que as agências regulatórias estão fazendo, discutir as novas tenologias e exigir mais investimentos federais na Saúde, uma vez que o Brasil é um dos grandes da economia mundial que menos investe nesse segmento com 4.1% do OGU enquanto a Holanda 9.5%, a França 8,9%, a Bélgica 8% e assim por diante.

   (Veja em separado depoimentos dos secretários da Saúde do município de Salvador e do Estado.