Crônicas
Jolivaldo Freitas
15/03/2015 às  12:05

DEUS ME LIVRE de ser prefeito de Salvador, por JOLIVALDO FREITAS

Jolivaldo Freitas é jornalista e cronista


  Ser prefeito é padecer longe do paraíso (lembrei daquela musiquinha antiga em que “ser mãe era padecer no paraíso). Mãe de prefeito deve sofrer mais que progenitora de juiz de futebol. Nada do que o cara faz agrada,
por melhor que seja ou por mais que tenha boas intenções. Ainda mais quando desacerta em busca de acerto ou quando até São Pedro em sua eterna insensibilidade – lembrando que foi ele quem abjurou Cristo e portanto é um escroto – manda chuva,manda o mar crescer (se bem que aí já é mancomunado com Poseidon, Iemanjá e
Namor) e destruir obras na orla, entupir esgotos (mas neste caso aí é mesmo culpa do povo mal educado que joga lixo na própria porta e nas encostas) e ainda manda o pessoal do PT lá na Câmara infernizar sua vida e ainda tem o fogo inimigo de vereadores e secretários (mas aí não é problema meu e o prefeito que procure andar em boas companhias).

   Como eu dizia, ser prefeito não é coisa fácil e o prefeito, sim é presa fácil. Vou citar algumas questões que me demoveriam da ideia, se um dia eu tivesse a infeliz fantasia de me tornar alcaide nesta cidade do Salvador
onde o melhor mesmo é ficar em casa assistindo sessão da tarde que ir ao médico, trabalhar ou estudar que enfrentar o trânsito cada vez mais caótico e que desmoraliza até meus amigos da Transalvador; e como eu critico o órgão nunca mais que Machola me chamou para jogar tênis, nunca mais que batizei filho de nenhum deles e muito menos me chamam para aniversários, casamentos ou churrascos.

   Voltando à vaca fria... Parêntese: como hoje estou mais prolixo e levemente boçal devo dizer para a senhorita que esta expressão horrível vem da tradução o francês "revenouns à nous moutons", que é “volvemos  aos nossos carneiros”. Texto da peça teatral “A farsa do Advogado Pathelin”, sobre um roubo de carneiros, a primaz comédia
da literatura francesa lá pelos idos da Idade Média de autor desconhecido. A frase foi traduzida para o português para “voltemos à vaca fria pois em Portugal se servia à época um prato feito com carne de vaca antes das refeições
e que ninguém queria por ser servido frio.

    Agora que passamos pela seção da “cultura inútil” voltemos à vaca fria e onde eu dizia que ser prefeito é coisa do Cão. Vejamos que semana passada o pessoal que mora na Barra se queixou através da associação de moradores que a claridade das luzes está incomodando. Mas, não eram eles que até o ano passado diziam que estava tudo às escuras, coisa boa para ladrão agir? Vá entender.
O mesmo povo tanto pediu para colocar sanitários públicos, foi atendido e agora não quer mais por que fica o cheiro do mijo e um entrai e sai dos banheiros. Era para fazer o número 2 onde? E os empresários que se
queixavam do trânsito desorganizado querem que os carros voltem a circular no Porto da Barra e no Farol. Pode até ser. Mas deve-se fechar o trânsito para carros no sábado, domingo e feriado. E passar mais lento que tartaruga paraplégica.

   Na Ribeira o pessoal tem achado linda a obra que vai se seguindo mas diz que preferia como estava pois não tem mais onde parar carro. Também, o cara primeiro compra o automóvel e depois é que pensa em garagem. Na
Boca do Rio a queixa é que está tudo bonitinho mas falta segurança. Mas aí a culpa é da PM. E em São Tomé de Paripe que o pessoal acha trabalhoso colocar o lixo nos locais adequados! Na Paralela até quem passa lá tem certa razão. A dimensão entre uma pista para outra, a largura entre as pistas é mesmo apertada: são cinco, quando quatro deveria ser o ideal. Pronto, agora é que perdi o resto dos amigos da Transalvador, Getran e da Semut. Mas Deus me livre de ser prefeito. Melhor é falar mal.


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