03/01/2017 às  22:42

Maravilhosos Vinhos de Altitude de Santa Catarina

Maurício Ferreira, é Professor Universitário, Sommelier Profissional filiado a ABS-SP e colaborador do site Bahia Já, onde assina a Coluna Tempo de Vinho.


   A coluna Tempo de Vinho sempre tem procurado brindar seus leitores com temas que julga interessante e novidades no mundo do vinho, afinal chega de ficar repetindo sempre a mesma ladainha sobre a diferença entre vinhos tintos e brancos, que temperatura devem ser servidos e blá blá blá...

  Não que isso não tenha importância, mas entendemos que o leitor da nossa coluna procura se interar de assuntos e curiosidades que normalmente não são encontradas em livros introdutórios sobre vinhos ou mesmos nos empolgantes bate-papos de confrarias.

  É com esse sentimento de querer trazer sempre novidades, que apresentamos os apaixonantes Vinhos de Altitude da Serra Catarinense, produzidos na região serrana entorno de São Joaquim, em altitudes que variam de 900 a 1400 metros acima do mar, a nova sensação da vinicultura brasileira.

  Trata-se de um conceito de terroir muito interessante, com diferenciais de solo, clima e amplitude térmica únicos no Brasil, e que resultam em um vinho diferenciado, brindado positivamente com características especiais na cor, no aroma e no paladar, como veremos adiante.

   A Serra Catarinense, que engloba São Joaquim, Campos Novos e Caçador, tem se revelado, nos últimos anos, um polo produtor de excelentes vinhos, alguns premiados internacionalmente, com destaque para a produção de Sauvignon Blanc de excepcional qualidade, onde a mineralidade e complexidade, obtida da vinificação precoce dos frutos, se sobressaem dentre as demais características, resultando em um vinho extremamente elegante, mesmo para os padrões internacionais.

  Atualmente os produtores catarinenses de vinhos de altitude se encontram organizados através da Associação Catarinense dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude – ACAVITIS, entidade que integra os maiores vinícolas da região, com a Villagio Grando, a Quinta da Neve, Sanjo, Villaggio Bassetti, Pisani e a Villa Francioni, grande referência na região por introduzir o sistema de gravidade em todo o processo de vinificação, isto é, sem bombeamento, o que é muito importante para que os vinhos mantenham suas qualidades naturais, no que já vê sendo copiado pelos outros grandes produtores da região.

  A coluna Tempo de Vinho escolheu alguns dos principais rótulos dessa nova geração de vinhos brasileiros, que mais do que qualquer outra, imprimem as características de um novo terroir até então adormecido. O Maestrale Tinto Cabernet Sauvignon 2007 da Sanjo, o Sauvignon Blanc 2014 da Villaggio Bassetti e o Comendador 2009 da Villa Francioni. 

   Então vamos às taças!

   O Maestrale Tinto Cabernet Sauvignon 2007 produzido pela  Sanjo (Cooperativa Agrícola de São Joaquim), é um dos mais premiados tintos da nova geração de vinho catarinenses, tendo conquistado a Gran Ouro 6º Concours Mondial de Burxellas, Challenge International du Vin – France 2013 – Bronze e Prata na 11° Edição Brasil 2014 – Concours Mondial de Bruxellas. Na taça é um Cabernet Sauvignon que incorpora todas as características de um vinho de altitude produzido em temperaturas por volta de 13ºc, com variações de mais ou menos 15ºc. Com estágio em barris de carvalho, que lhe alfere bastante complexidade. 

   De cor grená e reflexos violáceos, possui nariz discreto, que evolui bastante em taça, assumindo aromas de frutas negras, violetas e cedro, em um ambiente bastante mineral, com toques de basalto e pedra. Na boca é elegante, lembrando um Ribera Del Duero, com toques de resina e baunilha, que emolduram frutas negras maduras e frescas, mentol, especiarias, vegetais, fumo e bastante chocolate, tudo acompanhado de toques defumados e salobros. Destaque para a comedida extração do suco a ser fermentado, fazendo com que os taninos se portem com extrema maciez, tão logo o vinho seja servido em taça. Em síntese, um vinho fácil e muito gostoso de se degustar.

   O Villaggio Bassetti Sauvignon Blanc 2014, considerado o melhor Sauvignon Blanc do Brasil em 2016 pela Revista Adega, a mais conceituada publicação nacional, é um dos principais representantes do moderno Sauvignon Blanc de altitude de Santa Catarina. Desenvolvido pelo enólogo Anderson De Césaro, que enxerga semelhanças com os vinhos produzidos na região de Collio Goriziano na Itália. 

   Com grande influência das brisas marítimas, é um vinho bem estruturado, discreto e elegante, a começar pela cor amarela claro com reflexos esverdeados repleto de aromas minerais, envoltos em agradável acidez. Na boca, frutas brancas como pera e maçã verde, antecedem notas resinosas e baunilha, seguidas de notas cítricas que lembram limão siciliano e grape fruit. Um final de boca muito persistente e agradável frescor, o tornam muito especial.

   Por fim, resenharemos sobre o consagrado Comendador 2009 da Villa Francioni, um dos mais famosos vinhos brasileiros, já tendo sido considerado um dos 10 vinhos mais bem avaliados pelo App Vivino, importante aplicativo que circula entre os apreciadores da consagrada bebida de Baco, uma verdadeira febre. 

   Este blend catarinense de São Joaquim, de cor rubi intensa, reflexos púrpura e bastante brilho, é um vinho aromático, com notas florais, de frutas maduras, alcaçuz, ervas e terra molhada. De média estrutura e boa acidez, é bastante agradável com predominância da cereja, em boca. Possuidor de taninos macios detém um dos mais longevos retrogosto dentre os vinhos nacionais. Uma observação muito importante: precisa estar bem aerado para que possa ser apreciado em sua plenitude, pois o álcool precisa evoluir em taça. Seguramente um grande vinho!

   Esperamos que este reencontro com nossos leitores tenha sido em grande estilo, à altura do prestígio que esta moderna safra de vinhos catarinenses conquistou junto aos amantes de vinhos nacionais. Feliz 2017, Cheers!!!

   **** Os vinhos testados nesta matéria podem ser encontrados na Dalla Vite (www.dallavite.com.br), site especializado em vinhos de altitude da Serra Catarinense


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