Política
Tasso Franco
29/07/2013 às  10:23

SUCESSÃO 2014 na BA terá forte influência da internet

Um pedido de Ivete Sangalo no twitter vale mais do que vários comícios. A questão é conseguir que a cantora faça esse apelo em nome de algum candidato.


 Sou veterano em campanhas politicas desde a década de 1970 quando Rômulo Almeida subia em tamboretes para falar ao público em diminutos eventos de bairros da capital. Participei da campanha de Luiz Viana Filho ao Senado, Roberto Santos nomeado governador pelos militares, em 1975, pelo interior atrasado da Bahia. Em 1982, na campanha de João Durval x RS estava ao lado do PMDB. Mas, somente em 1986, com a redemocratização do país e o fim da Lei Falcão é que tivemos a primeira eleição com marketing político aberto, na disputa entre Waldir Pires (PMDB) x Josaphat Marinho (PFL).

   Participei da campanha de Waldir como assessor de imprensa ligado ao marketing da então D&E, com Cláudio Barreto e Geraldo Walter, Sidney Resende e Sérgio Amado, onde pode-se usar pela primeira vez os veículos de massa (rádio e TV falando-se o que se desejava, sem censura, com debates e uma jornada bastante agressiva na televisão. Waldyr venceu e esta campanha recebeu vários prêmios além de servir de modelo para outras que se seguiram.

   De lá para cá, ao longo desses quase 30 anos, as campanhas têm sido muito dependentes da televisão. Pouca alteração aconteceu e os modelos que são praticados, ainda hoje, se espalham nas campanhas de 1986 e na de Collor de Mello, em 1989. Aconteceram algunas pequenas alterações, avaliações de pesquisas com mais precisão, grupos de qualitativa, porém, a matriz de 1986/1989 continua quase a mesma. 

   A internet foi criada pelo inglês Tim Berners-Lee no final dos anos 1980, na forma embrionária de partilha de informações. O primeiro site foi lançado por ele em 7 de agosto de 1991 e, de lá pra cá, houve um avanço enorme nesse meio de comunicação. É esta revolução que todos nós conhecemos nos dias atuais. Tim é considerado um dos maiores gênios vivos do mundo. 

   Como as novas tecnologias chegam ao Brasil com muito atraso, ainda assim, de forma pioneira implantamos o primeiro jornal informatizado na Bahia, em 1993, Bahia Hoje, com dados em rede e uso inicial remoto on-line, supressão do papel na redação e na fotografia. Mas, nas campanhas políticas, esse avanço nunca aconteceu até hoje. A própria campanha de Pedro Irujo (empresário que fundou o Bahia Hoje) a prefeito de Salvador foi mecânica, incluindo a TV. 

   Na campanha de 1992, em Salvador, o telepronto que serviu a Manoel Castro era numa caixa de papelão. Eleição vencida por Lidice da Mata. Zero de internet. Em 1994, na disputa Paulo Souto x Roberto Santos, também nada de internet.

   As duas campanhas de Imbassahy que participei ativamente no marketing politico (1996/2000) nulas de internet. Impresionante, mas é a realidade. Em 2004, eleição para prefeito entre César Borges x João Henrique x Nelson Pelegrino, primórdios da internet. 

   O Brasil só veio despertar para a força da WEB após a campanha de Barack Obama, em 2008. Quem primeiro se aproveitou desse mecanismo com sabedoria foi Marina Silva, candidata a presidente pelo PV, em 2010, copiando Obama e montando uma rede de seguidores na ajuda financeira e difusão de suas ideias. Foi um sucesso. Marina obteve 20 milhões de votos e, em parte, ou grande parte, foram conseguidos graças a internet. Dilma também usou, mas, nem tanto. Serra usou mais do que Dilma, embora sem o mesmo efeito de Marina.

   Nas duas disputas entre Paulo Souto x Jaques Wagner, a primeira em 2006 e a segunda em 2010, somente na última é que a internet foi utilizada com mais destaque, por Wagner, Souto e Geddel.

   Na Bahia, a explosão dos sites e blogs só aconteceu a partir de 2006. Fomos pioneiros com o www.cronicasdabahia.com.br em 2003 (agora completando 10 anos) e depois com o www.bahiaja.com.br em 2006, o primeiro de literatura e o segundo com destaque à politica. Outros foram da mesma época. Agora, considerando só os blogs e sites com informações jornalisticas são mais de 1.000 no estado. Salvador tem mais de 30, Feira 20, Ilhéus/Itabuna mais de 10. Todo município tem 1 ou 2. Em Canudos, tem o CanudosNet; em Uauá, o Umbuzada. 

   Juntos, os blogs e sites, hoje, tem mais força do que os jornais e até mesmo as rádios e as TVs. Estima-se que, reunidos, têm mais de 1.200.000 acessos diretos dia. É uma força e tanto.

   Os politicos, a partir de 2010, também embarcaram nessa onda e todos (ou 90%) têm suas páginas e boletins web. O contato com o eleitorado está dando por esse meio, prioritariamente, ainda que, alguns candidatos, se utilizem de emissoras de rádio para difusão dos nomes. Tem candidatos a governador, na atualidade, dando 3/4 entrevistas ao dia. Rende pouco. Serve só para difusão do nome. 
Depois dos movimetos de rua, do uso itensivo das redes sociais (twitter, facebook, etc) a campanha de 2014 terá uma forte influência da internet.

   Nenhum politico baiano tem grande números de seguidores no twitter. Entre os atores envolvidos à chapa majoritária a governador da Bahia, em 2014, campeão é ACM Neto (50.463 seguidores). Depois vem o governador Jaques Wagner (13.873). Geddel Vieira Lima (12.399); Lidice da Mata (8.217); José Sérgio Gabrielli (5.882); Walter Pinheiro (5.140) Marcelo Nilo (3.780); Rui Costa (3.151).

   Para se ter uma ideia dessa pobreza, Barack Obama tem 34.524.625 seguidores no twitter. Na Bahia (provavelmente no Brasil) a campeã é Ivete Sangalo com 8.411.103 seguidores. Portanto, mais vale uma mensagem de Ivete no seu twitter para qualquer candidato do que dez comícios.

   * Os números dos twitteres são relacionados a este domingo 28/7/2013. Mudam a todo momento.


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