25/03/2017 às  12:34

SILÊNCIO, o cristianismo chega ao Japão e é rejeitado

Silêncio, dirigido e corroteirizado por Martin Scorsese com Andrew Garfield e Liam Neeson; EUA, Itália, Japão, México, 2017.


 Silêncio, dirigido e corroteirizado por Martin Scorsese com Andrew Garfield e Liam Neeson; EUA, Itália, Japão, México, 2017. Saibamos que o diretor é um assíduo e fervoroso católico, então não é surpresa o tema do filme, este o cristianismo, ou melhor, as “entradas” em terras virgens de padres a fim de propagar a ideia do salvador dos homens da terra, e isto por consequência ocasionará inevitavelmente nós como filhos de Jesus, fato este que acarreta uma divida existencial eterna onde só temos um caminho: seguir a ele, Deus ou Jesus Cristo, porque sendo o pai ou o filho a sua divida continuará sendo eterna.

 O enredo se baseia na premissa em tentar achar um padre jesuíta católico português que fora pregar o evangelho no Japão e nunca mais se soube alguma notícia do aventureiro evangélico. Dois fervorosos discípulos seus conseguem autorização da igreja católica do Vaticano em tentarem entrar no País oriental em pleno século XVII, ou seja, no período em que os portugueses eram os reis de mares nunca dantes navegados. 

Porém em terras pantanosas certas raízes não se criam por fatores naturais ampla e facilmente observados sob olho nú há quem queira fazer isso. O Japão nesta época, e até hoje, peita o cristianismo por já terem uma religião bem mais velha: O Budismo; religião ou filosofia esta que crê nas forças e recados que a mãe Natureza nos concede, e, portanto nem hoje e quem dirás em 1600, o cristianismo nunca fora , digamos, bem vindos em  solo tão pantanoso.

Fato é os dois discípulos do padre desaparecido, o tal do Priest Ferreira, conseguem clandestinamente adentrar-se no Japão por um guia japonês que se encontrava na cidade chinesa de Macau. Guia este que teria profunda importância na obra fílmica sendo um “maluco-sacana”, isto é, diz que é cristão, mas tem a esperteza em sair-se bem quando o “seu” tá na reta, inclusive pisando em figuras cristãs a fim de não morrer, provando para os “Japas” que não é um “ Kristimah”.

Não somos ingênuos em querer ter a língua portuguesa no filme, já que os dois padres protagonistas são portugueses, mas por fatores comerciais estes falam o inglês, fator este que pode se pensar que é pequeno, porém se admitirmos que a questão linguística seja importantíssima para o filme, já que a comunicação com os japoneses é feita de forma direta para uma evangelização rápida e eficiente, vemos que o fator língua de fato fragiliza o filme como um todo.

   Ainda assim a obra tem o vigor de superação desta “gafe comercial”, e a partir daí vemos a saga de dois padres portugueses adentando-se em solo nipônico e evangelizando o máximo de pessoas possível, de forma clandestina já que se as autoridades soubessem era morte certa tanto para os padres como para os inúmeros evangelizados. 

   A questão era delicada porque do seu trabalho de padre eles estavam lá para saber o paradeiro do seu mentor. Apesar de tanta barbaridade o filme é uma ode ao cristianismo, isso sem sombras de dúvidas em uma obra de quase três horas de duração. Ou seja: tempo suficiente para o diretor nos mostrar sua visão e principalmente a sua crença inabalável. Os silêncios do filme dizem bem mais que suas muito narrativas. 

  A fé pode ser considerada uma doença, porque quem a tem é capaz de entregar-se a tal ponto a ela que dar-se ia sua vida por sua fé. Por outro lado a fé pode ser considerada como uma salvação, já que quando se está na merda toda ajuda é bem vinda, e isso por mais mentirosa que ela seja. Se a fé é uma faca de dois gumes? Sim, sempre foi e será. Seria o ser humano capaz de não crer em algo intangível? Sim, seria. 

   Tanto é que existem os ateus. Mas os ateus teriam a perspicácia e altivez para compreender tudo mesmo ou estariam eles fingindo que de fato entendem tudo que aconteceu, mas que na real não entendem nada e se prostram na teoria do Big-Bang por ser mais confortável ou convincente? Fato é que nada dessas perguntas povoam a narrativa propriamente dita da obra fílmica, mas povoam o imaginário de quem assiste isso sem dúvidas. 

E é bom ver o cristianismo se dando mal em algum lugar do mundo em alguma época, porque esta religião só se dá bem, tô certo ou tô errado? Longe de a minha pessoa querer cometer algum spooler desta pérola cinematográfica, mas lembre-se do que escrevi no início do texto, e escrevi porque vi esta frase inúmeras vezes para mandar embora cristãos do Japão, que é: “ Em terras pantanosas não se criam algumas raízes “. A fotografia belíssima é do mexicano Rodrigo Prieto, esta que teve indicação ao Oscar.


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