25/12/2015 às  11:37

Leviatã, sensacional, vale a pena conferir

Veja comentários de Diogo Berni


 Leviatã, de Vérena Paravel e Lucien Castaing-Taylor, França, Inglaterra, EUA, 2012; É acima de qualquer outro argumento um documentário a frente do seu tempo. Com uma pungência sensorial a obra aborda de forma visceral a relação homem x natureza, ou homem X; O “xis”  leia-se como versus mortal inevitavelmente, a qualquer outro ser ou 
coisa que não seja o próprio homem, trocando em miúdos animais, terra, água, recursos naturais e meteorológicos ou outros quaisquer que, de uma  forma ou de outra, atrapalhe o “progresso” humano. 

   O documentário se torna mais que interessante porque além de abordar o que o homem faz com  o meio em que vive, a obra tem a desfaçatez ou a esperteza que não ter consolidado nenhum protagonista, ou sequer mesmo uma história com início, meio e fim. 

   De certa maneira o não ter um formato tradicional fílmico faz de Leviatã instigante e castigante ao mesmo tempo. No 
documentário temos um navio cargueiro que é acompanhado de doze câmeras durante um ano ininterrupto. O resultado das imagens é de fato sensacional mostrando-nos a vida diária de tripulantes da navegação. 

   Entretanto é importante relembrar que no documentário não existia protagonista (s), pelo fato de por minutos a câmera se focar em peixes abatidos dentro do navio em câmeras pequenas à prova d`água, ou ora mudava-se o foco na grua da cargueiro, ou até capturava-se imagens aquáticas da borda inferior da parte externa do cargueiro peixeiro, 
fazendo com que o movimento da maré em alto mar filmasse tanto imagens aquáticas , mas também quando a borda “conseguia respirar”, e aí víamos a  guerra da mãe natureza selvagem em busca dos peixes que ficavam na parte de fora das redes de pescas através de embates de milhares de gaivotas, trocando em miúdos imagens que nos instigam a pensar: 

   “Nossa, o que é que estou vendo aqui? Isto é inovador e sensacional !". Como o filme foi produzido por laboratórios de Antropologia, ou seja, a meu ver sem pretensões estilistas fílmicas de cinema mundo afora no sentido de querer ganhar prêmios importantes de festivais de cinema; Esta “não ambição ou pretensão de reconhecimento” que é o seu grande mérito: O de não querer nada e de repente poder mudar tudo através do processo do gênero documentário, onde as surpresas estão sempre mais aguçadas a acontecer. Uma experiência sensorial única e inesquecível, e inclusive 
muito melhor que seu xará russo que concorreu a melhor filme estrangeiro  neste ano no Oscar e não levando, mostrando os problemas atuais da Rússia. 

   O nosso Leviatã comentado, por ser uma obra diferenciadíssima, sem sombra de dúvidas, vale ser conferido e digerido para então entendermos e cuidarmos do que ainda temos. 

                                                          ******

   Se eu ficar, de R.J. Cutler, 2014, EUA. Quando achamos que não seríamos mais surpreendidos por filmes da qualidade dos “além ruins”, eis que surge hum e nos mostra que jamais devemos nos iludir na questão da criação dos cineastas; Pois estes sempre conseguem criar verdadeiras bombas, só podendo assim classificá-los como péssimos. Perdi minha tarde hoje, e escrevo para você não perder a sua também, vendo um pirata a “três real” . 

  O filme não liga nada com nada e não vai a lugar nenhum. A história é de uma garota que toca violoncelo e começa a
namorar um roqueiro. Até aí, vá lá; entretanto quando o diretor ou roteirista consegue a proeza de colocar a protagonista vendo seu próprio acidenteautomobilístico fatal junto com sua família, e de certa forma, tentando falar com eles seja lá hospital ou no próprio local do acidente, aí que as coisascomeçam a ficar bizarras, pois após o acontecimento nada acontece no filme! 
   A menina fica correndo de corredor e corredor do hospital para saber se seu pai, mãe e filho já partiram, e o pior: Ela acha que não morreu mesmo vendo tudo aquilo e ninguém a vendo. Uma única coisa boa, notei no filme: o fato dele não
usar efeitos especiais para fingir uma morte com cenas do tipo tenta pegar uma pessoa ou coisa e a mão do morto passa por entre o ser vivo ou uma parede, porta, janela, etc. 

   O filme ao menos não se dispôs a gastar com esses efeitos e a atuação da protagonista, neste sentido, soou natural. O fato é que sem roteiro não pode existir um bom filme. Seria a mesma coisa que pedir que um corredor tentasse correr sem suas pernas, impossível. E já que o filme é ruim e fiz o favor de informar a vocês; vou contar como ele termina. 

   A garota que ficou morta o filme praticamente todo volta e viver e o filme acaba quando ela abre o olho. Você fica naquela sem saber se ri ou chora, ou até joga alguma coisa na televisão tamanha frustração, ou seja, o final consegue ser pior que o filme todo, e isto é de fato uma baita proeza. 


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