30/10/2015 às  20:23

5 CURTAS METRAGENS do Coisa de Cinema em SSA e Cachoeira

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 O menino do cinco, de Marcelo Matos de Oliveira, Brasil/Bahia, 2012. O curta foi o ganhador do festival de Gramado do seu ano de produção. Antes de qualquer argumento a obra fílmica tem a pretensão, e de fato consegue, mostrar que as relações de poder se estabelecem desde muito cedo entre nós humanos. 

  A causa desse comportamento está arraigada ou linkada em nossa sociedade, que pede, ou melhor, que nos obriga a termos determinados tipos de padrão de comportamento para um ser superior ao outro, e não importa a conseqüência que isso acarrete.

   É perceptível notar também que desde muito cedo o “bicho urbano”, além da necessidade do poder, já convive com a sensação de isolamento, de solidão, fruto também desta própria sociedade que dá uma falsa sensação de poder, e ao mesmo tempo nos castra justamente por essa inesgotável busca pela autoridade absoluta. Acho que estamos indo no caminho errado nos nossos conceitos fundamentais, e isto de fato é preocupante. 
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   Estatua!, de Gabriela Amaral Almeida,com ótima atuação da mirim carismática atriz Cecília Toledo, Brasil, 2012. A diretora enxergou a potencia imagética de uma brincadeira de criança, e consegue com êxito unir as imagens com um horror proposital visto no curta. 

  Temos uma criança de nove anos recém completados, Joana, filha de uma aeromoça que a trata como uma estranha, ou melhor, percebe-se já no inicio do curta um certo medo das atitudes estranhas da filha, fazendo com que a mãe, quando está em casa, a trate ou mencione sua filhinha como uma criatura estranhíssima, embora sua carinha diga o contrário. 

  Em mais um voo a aeromoça contrata uma empregada grávida para cuidar da Joana. O jogo de horror se dá inicio quando a empregada vê que aquela criancinha bonitinha poderia ser um potencial perigo para ela e para sua filha dentro da barriga. A Joana vai se mostrando aos poucos como uma criança sádica onde gostava de dar as cartas do jogo. 

  Com uma inteligência fora dos padrões, a nossa excelente atriz mirim, consegue mexer com os sentimentos da empregada grávida ao ponto desta questionar se de fato queria aquela gravidez de uma balada onde a filha nem pai teria. O final do curta fica meio que subjetivo onde várias interpretações podem serem feitas, entretanto a qualidade do curta é inquestionável. 
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    Sanã, de Marcos Pimentel, Brasil ,2013. Correrei o risco em ser redundante, mas é que não dá para escrever sobre o curta sem comentar sua bela fotografia. Acho que obras fílmicas produzidas a céu aberto e com tamanha natureza exuberante faz com que o trabalho do diretor de fotografia seja menos estressante do que um diretor de produção, por exemplo, pois a natureza dá uma baita força para captar as imagens. 

  Sendo filmado nos belíssimos lençóis maranhenses este curta metragem nos conta o estranhamento de vida ou da vida de um menino Albino. Este se sente estranho devido a sua cor de pele, extremamente branca, porém castigada pelos raios ultravioletas do nordeste brasileiro. Como não consegue achar ninguém igual a ele, percebemos e acompanhamos seus passos solitários em meio aquele areal sem fim do Maranhão. 

   Chega a ser angustiante o seu enclausuramento social contrapondo-se a faixa territorial que o garoto vivia, ou seja, aos grandes areais daquele local. Todavia é importante mencionar uma metáfora que se percebe no meio do curta, quando temos a casa do próprio garoto ser incendiada, e ele por sua vez, fica vendo aquele fogaréu e nada faz, ou melhor, nada pode fazer para combater aquela força do fogo, trocando em miúdos é assim que o garoto albino se sente perante a sua cor inusitada e diferente dos demais, o que o faz ser um “ser estranho no ninho” afundando-se cada vez mais em sua angústia existencial, e o pior, sem saber disso. Não à toa que o filme acaba com o nosso albino literalmente afundando sua face na areia; Meio que se escondendo de tudo e de todos devido uma herança genética. 
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    Em Trânsito, dirigido por Marcelo Pedroso, com Elias Santos da Silva,2013,Pernambuco/Recife. O curta mostra a vida de um excluído brasileiro que tem a sua casa de madeira (favela) literalmente colocada abaixo para instalar no local mais uma fabrica automobilística. O curta é inteligente porque além de mostrar a vida de um excluído em plena época de eleições municipais, no caso do Recife, enxergamos de uma maneira bastante nítida uma baita sátira ao sistema capitalista, onde o único personagem da obra fílmica flerta com a loucura ou o "esquizofrênismo" quando recebe uma mensagem de um candidato a prefeitura. 

  Calhou-se de ser um político que já “bateu as botas”, e até hoje não sabemos de fato o porquê do avião caíra onde se encontrava Eduardo Campos, na época uma terceira força ao cargo da presidência da república, morte esta crucial para o resultado da reeleição de Dilma por mais quatro anos. Entretanto focando-se ao curta ouvimos a voz da presidenta discursando ou defendendo como era importante o progresso da indústria automobilística para o crescimento do Brasil. Com a atuação de Elias podemos perceber que o Brasil está bastante longe de ser uma pátria para todos. 
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   E. O curta paulistano mostra a especulação imobiliária no ramo de estacionamentos privados e caros. Também aborda um aspecto interessante desses tais estacionamentos: Os de serem futuristas, com direito a chegarem até literalmente as portas das suas casas. Exageros a parte, ou talvez também por isso, o curta se torna bastante pobre no sentido dessa estória dos estacionamentos ter uma continuidade que consiga nos seduzir.

  Apesar de ser um curta metragem com 17 minutos, mas a real é que dá vontade de desertá-lo antes dos seus 10 minutos, por ser demasiadamente maçante em suas imagens e fazer sempre a volta perante a mesma curva, ou seja, não abordar uma solução para tal especulação imobiliária, que inclusive derruba algumas salas de cinema também. Por esse e outros motivos ( som direto péssima qualidade) o curta deixa a desejar em todos os aspectos. O trio de diretores paulistanos que realizaram a produção deveria rever seus valores, e talvez numa próxima jornada, tenham mais sucesso, senão haja paciência.


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