22/11/2014 às  08:11

Ela volta na quinta, uma nova visão fílmica

O êxito do filme não está propriamente na história, embora esta seja também interessante, mas nas múltiplas formas de como é contada


 Ela volta na quinta, de André Novais, Brasil, 2014.  Esqueça os filmes que você assistiu ou ainda insisti em ver nestes complexos multiplex dos Shopping Centers, ou ainda em cinemas ditos como de  “arte”, pois o filme do qual resenharemos hoje foge de todos estes padrões. 


   Afirmaria que o filme produz uma nova faceta fílmica misturando ficção com realidade, e por vezes não sabemos quando o filme é um documentário real ou ficcional.  

  Na verdade o filme tem todas estas formas embutidas nele; É um mix de gêneros que traz uma nova cara aos filmes autorais nacionais, e tais filmes não devem e também nem podem serem rotulados por terem neles tantos gêneros e subgêneros fílmicos dentro de uma única produção que não podemos nomear nem como drama, documentário ou tampouco comédia; Na real é tudo isso e mais um pouco. 

    O filme foi o vencedor de melhor longa metragem nos festivais de Salvador, Tiradentes e Belo Horizonte deste ano pelo Júri especializado

  . O enredo do filme é tão exótico com seus personagens, que talvez por esta excentricidade, está seja de fato a primeira cartada de gênio do seu diretor.  Ao invés de contratar atores profissionais o diretor mineiro investe em pessoas comuns sem nenhuma experiência na sétima ou em qualquer outra arte. 

   A segunda cartada “exitíva” do filme e do diretor é não apenas chamar pessoas sem experiências, mas intimar que seus próprios parentes mais próximos ( mãe, pai e irmão ) participem , deem corpo a obra e a protagonizem. 

   Quando me referi a um novo formato de fazer cinema é porque de fato o diretor não se preocupa em diálogos redondos. O filme tem a toada do imprevisto: Das caras e bocas que só pessoas não treinadas a interpretar determinados papéis ou personagens conseguiriam fazer com a naturalidade em que a cena ou o roteiro espera. 

  Talvez seja esta a cartada certeira do filme de cunho totalmente autoral, e com pouquíssimos recursos, ter ganhado tantos festivais importantes de cinema Brasil afora.  No tocante ao enredo o diretor , como já mencionamos, deixa sua mãe, pai, irmão e ele próprio bem à vontade para interpretar as cenas de um roteiro bem colaborativo com as expressões naturais de seus atores; 

    E isto pode acreditar: Será uma tendência a ser seguida no cinema nacional, espere mais cinco anos e veja quantos filmes copiará este gênero do inusitado, da especulação do dialogo imprevisto e natural entre o ator e a cena. 

   Todavia como mencionávamos, apesar de toda a liberdade aos atores-familiares, obviamente existia um resquício de roteiro, e cenas a serem seguidas em determinada ordem, porque se não fosse assim não seria uma obra fílmica, mas sim uma tentativa disto. De fato existia uma sequencia de inicio, meio e fim desta obra inusitada e por isso fantástica.
   Tínhamos no roteiro uma crise conjugal de um casal suburbano de Belo Horizonte de idade avançada, no caso a mãe e o pai do diretor. Quando os dois filhos do casal preveem que o casamento dos seus pais está por um fio eles tentam entender o que se passa para então poderem agir e ajudar a fazer a melhor escolha para ambos, ou seja, separar de vez ou reconciliar-se. 

   O êxito do filme não está propriamente na história, embora esta seja também interessante, mas nas múltiplas formas de como é contada, e por isso o longa Ela Volta na quinta abre um precedente para uma nova forma de fazer cinema no Brasil, onde o sentimento que a obra transmite é mais importante que qualquer regra cinematográfica . 

   Acho que o grande dilema é o mercado assimilar esta nova forma de fazer cinema: O autoral e com poucas regras, mas de um resultado que chega a nos arrepiar ao final da sessão. O título do longa metragem: Ela volta na quinta, se relaciona diretamente com a história, esta que é desvendada do meio para o final deste filme simplesmente fantástico.


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