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09/10/2015 às 15:01

A PAZ ABSOLUTA é o que lutamos para Salvador

João Jorge é presidente do Olodum

JOÃO JORGE

 O mundo está imerso em ninharias, fome, desemprego e ambição com um alto nível de violência internacional, nacional, local, a frase de dois compositores negros de Salvador, Adailton Poesia, Valter Farias, na música Manifesto pela Paz em 2004, dava pistas que teríamos que pensar na paz, no amor e na cidadania de uma forma absoluta.

Dizer nos dias de hoje que precisamos de paz absoluta e que temos que afastar as formas de violência parecem atitudes simplistas, com o fenômeno que a todos preocupa e mete medo, a escalada da violência no dia a a dia dos povos, contra imigrantes, crianças, mulheres, homossexuais, indígenas, negros, e que alcança também diferentes classes e pessoas. 

Óbvio que não dar para apenas falar de amor, compreensão, paz sem aprofundar o que podemos fazer, como devemos fazer, em que medida mudar da violência para a paz absoluta.

Foi no conselho do Olodum em 2014, que dois conselheiros Tasso Franco e Joao Silva falaram da necessidade do Olodum pensar em paz, diferente, como o termo paz absoluta, para informar, divulgar, criar a cultura de paz definitiva. Paz absoluta quer dizer negar qualquer tipo e forma de violência, se abster de privilégios vantagens, repetições de frases habituais simples, é isto, aquilo, e formar uma consciência de que as três letras da paz é mais importante que a expressão violência, ódio, guerra, vingança, matar, morrer, as formas simples e sofisticadas dos sistemas de opressão vigentes de semear a dor pelas perdas das pessoas e famílias.
Paz absoluta é educar todos e todas para uma cultura de solidariedade, oportunidades seguridade, defesa, liberdade, igualdade, carinho, paixão, envolvimento com o ambiente, cultura de paz, cultura de ruas para as pessoas  e o desenvolvimento do desapego ao ego, ao poder simbólico, ao consumo material e a formas de tratar o belo como algo igual, semelhante para diferentes pessoas. 

A paz absoluta é a superação do medo dos jovens nos bairros de não serem ninguém, é a resposta a eles de condições das suas oportunidades e serem gente, e que possam escolher seus caminhos, para além do não ter o que fazer no final de semana.

 O que temos que fazer agora é promover a paz absoluta,  garantir finais de semana em Salvador sem mortes, tolerância zero para todas as forma de violência, amor a vida, ser pelo amor, ser pela paz absoluta, transformar-la em patrimônio imaterial da baianitude e das nossas vivências permanentes. 


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