Esporte

NORDESTÃO BAHIA PERDE E LEVA OLÉ DO SERGIPE, por ZÉDEJESUSBARRÊTO

Que decepção
ZédeJesusBarrêto , Salvador | 13/03/2019 às 22:23
Bahia 0x1 Sergipe
Foto: Felipe Oliveira

 Acreditem, o Sergipe, lanterna da competição, time que não tinha vencido ninguém na competição, venceu o Bahia ( 1 x 0 )  em plena Fonte Nova, com o torcedor bradando pela demissão do treinador Ênderson Moreira,  gritando “olé” com a troca de passes dos visitantes e aplaudindo o Sergipe na saída dos jogadores de campo.

 O Tricolor teve o domínio, a posse de bola,  criou muito mais chances  de gol, mas não fez. No primeiro ataque do Sergipe, na segunda etapa, depois de a defesa dar umas ratadas e Douglas espalmar o chute de cara pra escanteio, veio a bola alçada da esquina, os zagueiros baianos pregados, a cabeçada escorando e o belo voleio de Batata, livre, marcando  um golaço, aos 34 minutos.  Dai em diante, o desespero, a vergonha...  E o Sergipe  saiu da  lanterna.

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  Com o resultado, o Tricolor está praticamente fora da zona de classificação do  Grupo B do Nordestão, com 9 pontos ganhos. Está em quarto lugar mas pode perder posições com a continuação da rodada. 

 Imaginem a cabeça do torcedor, com a equipe ameaçada de não classificar no Nordestão e no  Baianão.  

  Pra se ter  uma idéia da distância entre Bahia e Sergipe, o ‘artilheiro’ Gilberto ganha mais do que a folha inteira do clube sergipano.  Como explicar isso?    

 

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Bola rolando

Na escalação inicial do treinador Ênderson Moreira, uma equipe tricolor bem ofensiva. E logo que começou o Tricolor postou-se na frente, atacando, mas marcando frouxo no meio campo, os atletas jogando muito distante uns dos outros, sem pegada, sem penetrações, sem troca de posições e finalizando mal.

 As chances: Aos 4 minutos, Gilberto bateu  forte, cruzado e rasteiro, rente à trave. Aos 20’, Artur bateu de canhota e acertou a trave sergipana. Artur Caíke perdeu duas: um chute pra fora e não chegou a tempo numa bola cruzada da direita que varou a pequena área. O Sergipe não ameaçou.  Vaias na descida pra merenda.

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 Na segunda etapa,  entrou Guilherme no lugar de Shaylon,  compondo o meio campo.

Os 45 minutos finais foram do goleiro Erivelton.  Aos 2’, Gilberto tentou, nas nuvens. Aos 7’, o goleirão salvou uma cabeçada de Artur, cara a cara; Aos 11’, o mesmo Artur entrou de cara e deu Erivelton; Aos 20’, nova cabeçada de Artur,  defezaça salvador do goleiro; Aos 21, 22 e 23, mais chances claras, de frente,desperdiçadas. Aos 28’, Rogério meteu um balaço da entrada da área, Erivelto voou e espalmou.

 Aos 32’, o primeiro contragolpe do Sergipe encaixado por conta de erros bisonhos na disputa de bola na intermediária, em cima de Lucas Fonseca. Douglas salvou o chute de cara, mas no escanteio, cadê Lucas, cadê Jackson ?   Um golaço de Batata, de voleio, aos 34.

 Dai em diante, o desespero de um lado e o Sergipe tocando, administrando, ganhando tempo. Aos 44 minutos, uma blitze do Tricolor, chutes de Ramires, sobra, Caique e Rogério, de cara, chutou nas nuvens. Incrível.  Atletas já sem ânimo, sem forças, sem alma.

Péssimo resultado.

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Destaques   

 No time vencedor, o goleiro Erivelton fechou; o golaço de Batata; a obstinação pela marcação, a postura defensiva, a vontade de ganhar. A sorte estava do lado sergipano.

 No Bahia, o miolo de zaga é lastimável: lento, mal posicionado, atuando muito atrás. Faltou mais pegada, entrosamento do meio para a frente e aplicação nas finalizações. Uma equipe frouxa no gramado.

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Ficha Técnica

Bahia – Douglas, Flávio, Jackson, Lucas Fonseca e Moisés; Douglas Augusto, Ramires, Shaylon (Guilherme), Artur Caíke (Caíque)  e Artur; Gilberto.  Treinador, Ênderson Moreira.

Sergipe –Erivelton, Rhuan, Heverton, C. Alexandre e Donizete; Diego, Brendon, Ramalho, Ariel  (Batata) e Leandro; Giancarlo.  Treinador, Leandro Campos.

No apito, Adriano Carneiro, do Ceará.

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 Decisão domingo

  Na sequência, o Tricolor enfrenta o Jequié, domingo à tarde, no calorão Jequieense; com a missão obrigatória de vencer e ainda torcer por resultados favoráveis dos concorrentes para que possa classificar para as finais do Baianão. 

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 O Leão no Batistão

 Também valendo pela Copa do Nordeste, o Vitória encara  nessa quinta à noite (21h30) o outro representante srgipano, o Confiança, em Aracaju. Agora bem mais confiante, depois do empate no clássico com o Bahia, 0 x 0, domingo passado.

 Com os desfalques de Yuri e Benitez, a delegação rubro-negra seguiu para Sergipe com novidades: o zagueiro Victor Ramos, de volta às origens, o lateral Fabrício (que veio do Vasco) e o desconhecido avante Felipe Garcia.  A ver.

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 O Gênio da área

  Morreu esta semana um dos maiores centroavantes da história. Coutinho, aquele das antológicas tabelinhas com Pelé. Nascido em Piracicaba, Coutinho estreou como profissional, no célebre ataque santista, com 14 anos de idade. Foi bi-campeão mundial pelo  Santos e campeão mundial pela seleção em 62 – era o reserva de Vavá.

Ele e Pelé se entendiam e trocavam de posição em toques rápidos de primeira, um pro outro, de tal forma e celeridade que confundiam os adversários, a torcida e até os locutores. Um dia, ele, Coutinho, decidiu jogar com munhequeiras, para se diferenciar um pouco do Rei – ambos pretos, de  meia altura, estilosos e velozes.

 - Pelé era muito inteligente, mas eu  o acompanhava; bastava olhar e já adivinhava o que ele ia fazer, e vice-versa -  dizia Coutinho.

 Tenho guardado uma entrevista onde Pelé diz : - Coutinho dentro da área era melhor do que eu. Mais frio, preciso.

  Imaginem ! Romário, fã declarado de Coutinho, herdou dele o minimalismo, a sutileza dos toques desviando  a bola do goleiro e a capacidade de fugir da marcação na zona do agrião.

  O Deus-Criador me deu a graça de vê-lo jogar, no auge, na primeira metade dos anos 60.

Gostava de chocolate, de farras e deu para beber muito. Em 69 veio, já gorducho, jogar por oito meses no Vitória. Fez um gol apenas, de pênalti. Pedia-se em noitadas pelos bares e boates do Centro Histórico. 

  Será eternamente lembrado.  Daquele ataque, que o mundo considera um dos melhores de todos os tempos, estão vivos ainda Dorval, Mengálvio, Pepe e o Rei Pelé.