Esporte

Abertura dos Jogos Paralímpicos quer fugir do padrão

Abertura dos Jogos Paralímpicos será dia 7 de setembro de 2016
Agência Globo , Rio de Janeiro | 27/08/2015 às 19:00

Fugir dos clichês para mostrar a realidade do Rio de Janeiro e dos deficientes físicos em uma grande festa inclusiva. Este será o conceito da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos, em 7 de setembro de 2016, em pouco mais de um ano. Local de disputas históricas, e de onde nenhum atleta gosta de sair derrotado, o Maracanã será transformado em um cenário no qual todos serão apresentados como vitoriosos, sejam portadores de necessidades especiais ou não.

“Somos todos humanos” foi um das frases escolhidas para sintetizar a imensa gama de atletas paralímpicos e suas histórias dentro e fora das competições. O grupo que coordena os preparativos da cerimônia — formado pelo artista plástico Vik Muniz, pelo escritor Marcelo Rubens Paiva, pelo designer Fred Gelli e por Flávio Machado, vice-presidente da SRCOM, agência de eventos à frente das cerimônias olímpicas —, quer fazer uma abertura memorável sem ser piegas ou se render ao lugar-comum da superação.

— Conversando com o Rubens Paiva, falei em superação. Ele me disse: “"Não é superação, é a vida, a gente vai em frente”. É isso. As pessoas merecem saber quem são estes atletas. Eu posso adiantar que vai começar forte e seguirá em ritmo intenso até o fim, fato que o público não associa ao deficiente, porque queremos romper barreiras - explicou Muniz, que tenta ser econômico em relação aos ícones cariocas:

— Não sei responder se sou um artista brasileiro, porque não uso Pão-de-Açúcar, essas coisas. Sei que sou uma pessoa brasileira e tenho que fazer referência à cidade, ao estilo de vida carioca. Mas será mais relacionado à atitude do que ilustrativo. Dá para falar de brasilidade sem criar estereótipos.

Criador do símbolo dos Jogos Paralímpicos, Fred Gelli quer deixar uma marca que vai além do logotipo da competição.

— A ideia é questionar o lugar da deficiência em um show leve, intenso e surpreendente. O Rio é como uma antena para o mundo, captando e acrescentando coisas brasileiras. Então, os gringos querem ver a brasilidade também. Nosso desafio é fazer isso sem cair no clichê — declarou Gelli.

Para Marcelo Rubens Paiva, o momento da cerimônia servirá para ressaltar a independência do atleta paralímpico.

— Eu sou sou deficiente há 33 anos e acompanhei a evolução do movimento paralímpico. O Clodoaldo, nosso primeiro herói paralímpico, ia sozinho, de ônibus, treinar em piscina aberta, ao ar livre. Então, a cerimônia precisa homenagear isso. Você perde alguns movimentos ou sentidos, mas ganhar em outros. Vamos juntar a militância do deficiente, que quer provar que é potente, ao Rio, que merece ser potência olímpica — disse o escritor.

Apesar de o Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016 garantir não ter fechado o custo total da cerimônia, Machado assegura que tudo que está sendo planejado é viável de ser realizado no Maracanã. O estádio deverá ser fechado em fevereiro, quatro meses antes da abertura das Olimpíadas, após acordo entre a concessionária que administra o estádio e os clubes cariocas.