Direito

EUA: capital e três Estados votam liberação da maconha

Referendos serão realizados pelo país e a inclinação dos eleitores varia conforme o Estado
Terra | 31/10/2014 às 12:08

Num país em que o voto é facultativo, as eleições legislativas dos EUA nem sempre empolgam os eleitores, já que não está em jogo a Presidência.

Em vários Estados, porém, a expectativa é de grande comparecimento às urnas no próximo dia 4 de novembro, não tanto pela oportunidade de escolher governadores, senadores, deputados e prefeitos, mas pelas questões locais que também serão decididas no pleito.

Entre as votações observadas com maior atenção estão as de Oregon, Alasca e da capital, Washington, que irão decidir se seguem os passos do Colorado e do Estado de Washington e legalizam a maconha para fins recreativos.

Na Flórida, os eleitores decidem sobre a permissão do uso da droga para fins medicinais.

Caso a medida seja aprovada, a Flórida será o 24º Estado americano a legalizar a maconha medicinal.

Ao todo, porém, são 158 referendos em 42 Estados neste ano, abordando temas tão variados como aborto, porte de armas ou presença de transgênicos em alimentos.

  O número representa uma queda em relação aos 188 referendos das eleições anteriores, em 2012.

Defensores e opositores da legalização da maconha já gastaram milhões de dólares em anúncios contra e a favor.

Em geral, setores favoráveis à legalização citam os resultados nos Estados que já legalizaram a maconha como exemplos de sucesso.

Dizem ainda que a proibição apenas alimenta a ação do tráfico e não impede o uso da droga.

Outro argumento pró-legalização é que o controle da produção e venda, bem como o recolhimento de impostos, regularia o mercado, além de permitir que polícia se concentrasse em crimes graves, como assassinatos e sequestros.

Opositores, porém, afirmam que ainda é cedo para medir os efeitos da legalização no Colorado e no Estado de Washington. Os ativistas contrários à legalização da maconha temem ainda que a medida possa aumentar o uso da droga, inclusive entre crianças, por meio de produtos comestíveis à base da erva.

A inclinação dos eleitores varia conforme o Estado. No Alasca, pesquisas de intenção de voto divulgadas neste mês mostram um eleitorado dividido. Em levantamento da empresa Dittman Research, 53% dos entrevistados disseram que votariam “não” à legalização, e 43% optariam pelo “sim”. Outra pesquisa, conduzida pela empresa de Ivan Moore, mostra 57% de apoio ao “sim” e 39% ao “não”.

No Oregon, pesquisa da SurveyUSA aponta 48% de votos para o “sim” para a legalização e 37% para o “não”.

Os responsáveis pela pesquisa, porém, alertam que “qualquer resultado é possível”.

“O apoio a esta medida vem dos jovens, e a oposição vem dos mais velhos. E em eleições legislativas, eleitores mais velhos são mais confiáveis que os mais jovens”, diz o texto de apresentação do levantamento.

O comparecimento de jovens costuma ser baixo em eleições legislativas.

Na capital, Washington, há uma tendência mais clara, com pesquisas indicando cerca de 60% de apoio à legalização e 30% de oposição.

No caso da Flórida, onde o que está em votação é o uso medicinal da droga, há também outro componente político em jogo.

Segundo analistas, o ex-governador democrata Charlie Crist, que busca voltar ao cargo, espera que o comparecimento às urnas de eleitores motivados pelo referendo sobre a maconha aumente suas chances de vitória, já que defensores da legalização da droga costumam se identificar como liberais e votar no Partido Democrata.

Calcula-se que os partidários do democrata já tenham investido mais de US$ 4 milhões na campanha pela legalização.

Do lado opositor, comandado pelo governador republicano Rick Scott, candidato à reeleição, já foram gastos mais de US$ 3 milhões em propaganda contra a medida.

 

Outras questões polêmicas também serão decididas em referendos nesta eleição e, assim como no caso da maconha, democratas e republicanos esperam que o interesse despertado nos eleitores por esses temas se traduza em maior comparecimento e, assim, mais votos para seus candidatos.

Tennessee, Colorado e Dakota do Norte vão votar sobre restrições ao aborto.

Nos dois últimos Estados, os eleitores deverão decidir sobre medidas relativas ao que é chamado de “personhood”, que estabelecem o momento da concepção como o início da vida.

Alasca, Arkansas, Nebraska e Dakota do Sul votam propostas de aumento do salário mínimo.

No Oregon e no Colorado, empresas do setor alimentício e ambientalistas medem forças num referendo sobre a obrigatoriedade de rótulos identificando alimentos que contenham ingredientes geneticamente modificados.

Um dos pontos mais controversos é em relação ao porte de armas no Estado de Washington, onde estão em votação duas medidas opostas. Enquanto uma exige mais rigor na checagem de antecedentes para compradores de todos os tipos de armas, a outra proíbe controles mais rígidos.