Cultura

UM PASSEIO NA BAÍA APRECIANDO A BELEZA DA VELHA SENHORA SALVADOR (TF)

Rainha eterna do Atlântico Sul a capital mais antiga e mãe do Brasil
Tasso Franco , Salvador | 25/01/2022 às 10:13
a Baía e a Velha Senhora ao fundo
Foto: BJÁ
       O que dizer da velha senhora vista do mar da Baía de Todos os Santos? Exala o perfume da soberana rainha do Atlântico Sul que um dia foi e por 200 anos assim se apresentou ao mundo. Desde 1763 aos dias atuais não é mais essa rainha, porém, mantém o frescor e a sua força como cidade dos contrastes, da alegria, de um linguajar próprio na língua portuguesa, a Salvador do baianês e das ladeiras que são os caminhos entre as duas cidades - a Baixa e a Alta - desde os tempos imemoriais de sua fundação por Thomé de Souza e sua trupe, o mestre de obras Luis Dias a dar-lhe o traço, a régua e o compasso, isso em meados do século XVI.

   E quem desliza por esse mar navegado por séculos de velas ao vento sente uma força que emana das águas desta baía que, por ser de Todos os Santos, é protegida dos males, amém. Chamão-na, a cidade do Salvador da Bahia, de 'velha senhora', a mais idosa do Brasil com seus 473 anos de existência a dias que estão chegando, 29 de março vindouro.

  E assim deve ser reverenciada como cidade mãe do Brasil e filha predileta de Lisboa, tão igual a imperatirz do Tejo, com duas cidades e seus planos inclinados e elevadores, suas calçadas, becos, travessas e ladeiras, com seus voduns e azeites, com suas músicas e batuques alegres e requebrantes e seus fados tristes e lamuriosos.

  Por isso mesmo, ao acordar é sugestivo dar-lhes bom dia e, ao dormir, oferecer-lhe um boa noite porque ela não acorda nem dorme e está sempre e eterna a nos abençoar com a sua beleza, com o seu carisma, com a graça do seu povo miscigenado e cativante no jogo da capoeira, na dança dos axés de candomblé, nas ruas do Pelô, no gingado de sua gente encantadora e nas rezas das suas igrejas católicas. 

 Tudo isso sai do ventre da velha senhora que um dia abrigou os negreiros provindos da costa da África e aqui os afro se tornaram baianos e foram e são a mola mestra da cidade, ajudando-a na sua construção e formatação de sua cultura, um lugar particularmente direrenciado no Brasil, miscigenado com os nativos tupinambás e os portugueses vindos do Alentejo e os espanhóis da Galícia que chegaram no inicio do século XX.

  Abencoai-nos, pois, velha senhora rainha eterna do Atlântico Sul e desliza essa nau sob meus pés para apreciarmos todo o seu charme nesta Baía de Todos os Santos com seu casario à vista na mancha matriz do Elevador Lacerda e na Preguiça e na imponência do palácio Rio Branco. Ai de mim se não fosse tu para encher meus olhos de amor. I love you Salvador. (TF)