Cultura

A PROMETIDA DE ZORTH 26:JÚLIA VAI A FONTE DA TRANSFORMAÇÃO E VIRA LOBA

Uma nova vida vai acontecer com a jovem universitária como mulher loba
Tasso Franco , da redação em Salvador | 13/04/2021 às 09:35
Júlia na fonte da transformação
Foto: Seramov
   O jornalista Tasso Franco publicou no aplicativo literário Watppad nesta terça-feira, 13, o 26º capítulo do seu novo livro "A Prometida de Zorth - o alfa supremo" falando da ida da jovem Júlia a fonte de águas limpas para iniciar o ritual que permitirá que ela se transforme numa mulher loba. Leia abaixo e os demais capítulos no Wattpad.
                                                      CAPITULO 26

                                          A FONTE DA TRANSFORMAÇÃO

 

   Júlia não quis saber de nada sobre as despedidas de solteiros de Zorth e de Zaram e quem queria lhe informar alguma coisa ela desconversa. Estava focada na bruxa Conegundes. Ligou para Piko e marcou a consulta. No dia combinado pegou os mil reais dados por Zorth - não seria soberba - e lá se foi para a curva do S no bairro da Santa, em busca da receita mágica que permitiria se transformar numa loba.

   Piko foi de uma gentileza incomum:

   - Recomendada por rei é recebida como rainha, kkkkk, disse sorrindo. - A senhora de todas as artes lhe espera.

   Júlia nada lhe disse.

   Na consulta, Conegundes toda maquiada e usando uma túnica azul escuro, unhas pintadas de vermelho, boca com batom roxo, olhos vivazes, foi bastante objetiva: - Você tem que ir a fonte da Transformação da água nascente do Itapirucu Mirim, em Queimadas. Beber um pouco na origem e trazer dessa água num garrafão esterilizado, colher folhas de aroeira vermelha e grãos de pimenta rosa, preparar uma infusão e tomar durante 15 dias ao menos, em jejum. 

   Verás, aos poucos, a transformação em seu corpo. Você já foi abençoada pelo alfa. Poderia usar minha fórmula com o feitiço da transformação aqui mesmo, mas, tenho que seguir ordens. Tenha boa sorte, não prevarique, não dê bobeira na mata, faça sua casa na alcateia e seja feliz.

   Júlia ouviu tudo concentrada, calada, aparentemente cabisbaixa.

   - Não se atormente. Levante a cabeça e vá em frente. Você vai conseguir, disse Conegundes levantando-se de sua poltrona acompanhada de sua vassoura que bailava à frente das duas e conduzindo-a a porta de saída. Tome também essa poção quando chegar em casa para eliminar uma possível gravidez.

  Posso levar uma ajudante a mata de Queimadas? 

  Consulte o alfa todo poderoso não quero encrenca com ele. Se lhe recomendo estou frita. Ele ler pensamentos à distância filhinha. Não meto minha mão em cumbuca.

  Júlia deixou a sala de atendimento de Conegundes.

   Piko, maldosinho, conduziu-a até porta da rua: - Vai com os pardais querida.

                                                                     *****                                                                                         

   Júlia consultou Anna, que consultou Theo, que consultou Zorth se ela poderia levar a amiga do peito até Queimadas em busca da nascente do Itapicuru Mirim, na fonte de águia cristalina. 

  Zorth achou por bem consentir porque o local era distante e naquela região havia a alcateia Raso da Catarina do seu amigo alfa Zov onde também circulavam uns bárbaros. Seria, pois, uma garantia para Júlia em caso de algum ataque. 

   Anna era uma loba feroz, audaz, valente, boa protetora.

   E lá se foram as duas. Zorth pediu a Zov proteção as putinhas. Zov respondeu: - Você não perde essa mania de ter putinhas ao seu redor.

   Zorth responde que era algo especial. Flor vermelha de Mandacaru, vibrante como a vida.

   As minas chegaram de trem a Queimadas. 

  Depois pegaram um carro de praça, um Jeep willys conduzido por um motorista forte, o Pebão, e seguiram para a mata. O motorista avisou que o local da nascente era perigoso e deserto. Só levaria elas até a localidade de Piçá e depois teriam que seguir a pé com um guia local. Ele ficaria esperando-as de volta.

  As meninas toparam. 

  Acertaram o preço da corrida e seguiram. No Piçá, contrataram o guia Bino, experiente, acostumado a fazer isso, conduzir turistas a esse ponto da nascente. 

  Bino disse que iria, mas, só ficava, no máximo até antes da boca da noite. No local, segundo ele, costumavam aparecer uns lobisomens malvados. Levantou a camisa e mostrou umas marcas nas costelas que teriam sido feitas por um deles, salvando-se porque conseguiu usar a cruz e um canivete Biron para amedrontar o monstro.

  Anna só não mandou ele a porra porque precisava de sua orientação. 

  Já tinha o sinal de Zov que betas estariam por lá para qualquer eventualidade. Temia mais os bárbaros que vagavam na região desde o Monte Santo, o Cansanção, do que lubis de beira de fonte. Alguns deles podiam lá ir beber água, mas, isso era normal.

  Trilha longa de 12 quilômetros ou mais. Bino puxava as canelas, as meninas suavam. Finalmente chegaram ao local. Lindo de ver. A água brotando cristalina do fundo da terra. Bino encheu seu cantil que já estava seco sentou-se numa pedra e deixou as duas à vontade para contemplar o local. 

   Júlia bebeu a água o quanto pode conforme o receituário e encheu uma vasilha de 5 litros para levar consigo. 

  O que não tinha falado a Bino, na inicial, diriam agora, que precisavam colher flores brancas de angico e grãos de aroeira vermelha, a pimenta rosa.

  Bino disse que angico tinha por perto na caatinga Norte, a meia hora puxada dali, mas, a pimenta rosa só na caatinga Oeste e poderia chegar à noite e ele não toparia ir lá a noite temendo lubis.

  As meninas molharam a mão dele com capilé. 

  - Nada que não se possa dar coragem a um homem. Tome aqui mais 100 pilas e vamos apressar o paço.

  Bino balançou a cabeça, colocou o dim dim no bolso e caminhou em direção a Caatinga Norte. 

 O sol estava meia banda descendo para se por no horizonte quando colheram as flores de anjico.

  Bino tomou de uma pequena bússola, bebeu água e rumou a Oeste. Quando chegou na caatinga onde botavam muitos pés de aroeira vermelha o sol tava se pondo, a noite chegando. O guia, irritando, pedindo pressa.

 As meninas colheram as aroeiras e colocaram numa sacola. 

  E lá se foram de volta os três para o Piça. Numa área de mata mais fechada, juremas enormes, ouviu-se um rosnar atormentador. Bino se tremeu todo. Júlia ficou apavorada, mas sabia que estava protegida. Anna olhou para um lado e para o outro e se preparou para alguma eventualidade.

  Nas proximidades da Pedra Funda o monstro atacou. Era um lubi enorme, forte como um miura. Anna se transformou e mostrou suas imensas garras ao visitante. A essa altura Bino já tava todo mijado e encolhido num canto. Dois betas de Zov também apareceram do nada e deceparam a cabeça do lubi, sangue espirrando para todo lado.

  Passado esse susto apressaram o passo para chegar ao Piçá. 

  Uns bárbaros de olhos miúdos, corpulentos, caras de marcianos, ainda olharam o trio de longe, mas eram apenas três deles, famintos, fracos, não tiveram coragem de atacar para não ter a mesma sorte do lubi. Viram a cena anterior e se picaram.

  O trio chegou ao Piçá ofegante, cansado. Júlia e Anna fizeram necessidades e pegaram o Jeep de Pebão de volta. Bino também foi ao banho para se limpar. Estava sujo de frente e de trás.

   Bom que se diga, em nenhum momento, Anna se insinuou para Júlia, a acariciou ou fez qualquer gesto sex. Estava em missão. 

                                                                 ****

   De volta a Serra, Júlia seguiria o que determinara o receituário de Conegundes. 

  A infusão dessas planas, a hora certa de beber, o momento de aparecimento da lua e a saudação a mãe do Universo, sempre, incensos para espantar olhares, mandalas ao seu redor e pronto.

  Foi o que fez. Esperou um bom tempo para a lua aparecer maravilhosa, brilhante, e fez tudo como mandava o figurino. Em dez dias começou a observar mudanças nos pelos dos seus braços, depois na barriga e nos seios, a mata na parte intima crescendo e as unhas espocando como garras. Sua voz foi ficando mais rouca. 

  Um dia em que seus pais não estavam em casa uivou pela primeira vez em tom moderado. E experimentou um uivo mais forte e assustou a vizinhança.

   Enfim, a loba chegou. E se identificou. Sou Flecha Dourada, supersônica.