Cultura

A NOVA ERA: ROSA DE LIMA COMENTA LIVRO OS QUATRO DE SCOTT GALLOWAY

Scott Galloway é professor da UCLA, NY, e autor tb do livro A Álgebra da Felicidade
Rosa de Lima , Bahia | 07/07/2020 às 10:43
Os Quatro
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Autor da "Álgebra da Felicidade, o professor Scott Galloway tem como sua obra mais relevante o livro "Os Quatro" (Editora Alta Books, 305 páginas, R$40,00, tradução de Cristina Yamagami, venda no site Amazon e outros) que aborda os 4 gigantes da tecnologia - Apple, Amazon, Facebook e Google - desde as suas criações até os dias atuais e como essas empresas se movem nessa 4ª Era Industrial, o poder que elas têm junto a bilhões de pessoas em todo mundo, como trabalham com inovações permanentes para serem mantidas no topo e até onde irão. 

Sobre essa última observação Galloway não tem uma resposta. Nem ele, nem ninguém. No mundo atual as mudanças estão sendo feitas muito mais rápidas do que no século XX, portanto, ainda não há uma resposta no que poderá acontecer.

Uma coisa é consensual: a alta tecnologia tomou conta do mundo e ninguém escapará dela. Quem ficar de fora - países, empresas e pessoas físicas - vão pagar um alto preço por isso e mesmo que não queiram serão empurrados na grande onda dominada por esses quatro grandes cavaleiros com um quinto entrando em cena a partir da China, Alibaba e suas inúmeras pernas, novas que estarão surgindo e aquelas tradicionais que se remodelam, se realinham para não perder clientes. 

Outras tantas, sucumbiram. E Galloway mostra como a Nokia, da Finlândia, foi engolida pela Apple a partir de 2007, com o lançamento do iPhone, e a empresa finlandesa quase quebra o país porque não conseguiu acompanhar o nível inovador das novas tecnologias. Nem tinha como. Esse é um processo que não existe somente por decisão de um CEO ou de um conselho de administração de uma empresa, mas, todo um arcabouço tecnológico que requer conhecimento, capital, logística e inovação.

E um fato fundamental a ser considerado é tempo. Não se muda uma gigante tradicional de uma hora pra outra, casos da Ford, IBM, Volkswagen, Nike, GM, Toyota, etc, e as novas empresas de tecnologia chegam como um raio no mercado modificando procedimentos que não são fáceis de serem seguidos e caem no gosto dos consumidores. Tesla e Uber estão na corrida do carro voador, das estradas robotizadas, das novas vias de transporte computadorizadas mercados que deveriam ser, digamos assim, de quem já está no chão da fábrica há decênios, caso da Ford que surge na década de 1920 e explode em consumo e criatividade após a II Guerra Mundial. 

Uma empresa pode ter uma dessas pernas, caso do Walmart, por exemplo, com seus 12 mil pontos de vendas espalhadas pelo mundo, mas tem que trabalhar e implantar as outras pernas senão perde clientes e pode até desaparecer do mercado. 

O livro de Scott Galloway mostra aos seus leitores esse mundo corporativo e como ele se desenvolve e avança com um ativo dos mais importantes que é um banco de dados e a matemática/robótica a serviço desse gigantesco universo mercadológico, o planeta e seus 7.6 bilhões de habitantes. Quando a China elevou seus padrões de qualidade de vida ascendeu uma população de mais de 700 milhões da pobreza para a classe média e vimos o que aconteceu na elevação de consumo de produtos de beleza, de tecnologia, de alimentos e assim por diante. E, isso mexeu, inclusive com o mercado de turismo na Europa. 

E os clientes (ou consumidores) como queira chamá-los estão adorando essas inovações porque exigem facilidades, conforto, segurança, agilidade e a possibilidade de administrar seu tempo sem perdas. Ora, se um supermercado põe a mercadoria em sua casa para que e por que enfrentar a disputa de uma vaga para seu automóvel (área paga) no estacionamento de um supermercado, o trabalho de percorrer as gôndolas para pegar os alimentos e materiais de limpeza e outros, enfrentar a fila no pão, outra fila no caixa, carregar o seu carro, dirigir até sua casa (pode pegar um engarrafamento na volta) se uma empresa lhe oferece esses serviços em casa? Não terá sentido para milhões de pessoas, especialmente para aqueles que estão na vida ativa de trabalho, na chamada correria.

Talvez para aqueles aposentados idosos sem problemas de saúde ainda seja uma boa opção ir ao supermercado, alguns aliam a visita ao lazer, a distração, a sair de casa e sentir que está vivo, a escolher o produto usando os olhos e as mãos, mas, esses serão uma minoria. E, seus assemelhados em idade, aposentados com problemas de mobilidade e saúde vão optar por receber tudo em casa.

No bairro onde moro, em Salvador, até poucos anos atrás, nenhuma das 4 farmácias e 3 padarias/supermercados entregavam mercadorias em casa. Hoje, todas o fazem. Até o vendedor de coco e de bananas da esquina do Apipema usa delivery. É a capilaridade do poder dessas e outras grandes e médias stratups que já se enraizou de tal forma nas sociedades facilitando a vida das pessoas, até mesmo em alguns procedimentos da enfermagem e da medicina, e que estão mudando a sociedade.

Esses quatro gigantes acabaram com as lojas de CDs e DVDs, com pontos de vendas exclusivas para revistas e jornais, muitas revistas e jornais desapareceram de cena (no Brasil, a Caras tinha uma enorme força nos anos 1990, acabou; A Tarde, que já foi um impresso poderoso na Bahia, minguou), as lojas e tendas para venda de máquinas fotográficas, filmes, álbuns de fotos, sumiram do mapa (a Kodack levou um tombo enorme), a IBM perdeu mercado, as minilabs saíram de cena. Enfim, essas mudanças aconteceram há dez anos e tendem a se aprofundar.

Galloway diz o seguinte: no setor da tecnologia, muitas caudas longas estão se atrofiando. Na publicidade digital, o Google e o Facebook já respondiam, em 2016, por 90% do crescimento da receita da publicidade nos EUA. Hoje, é possível, você à frente de uma empresa pequena investir nessa midia e concorrer com os grandes. Assim fazem, por exemplo, a NYX e a Anastasia Beverly Hills marcas que se expõem (e vendem) tanto quanto a L'Oreal.

Vou dar um exemplo caseiro. Eu impulsiono uma matéria do Bahia Já no Facebook com apenas R$60,00 e essa matéria que normalmente é vista por 600/1.000 pessoas passa a ser vista por 25.000/30.000 pessoas. Um anúncio do Bahia Já no Facebook pagando R$200,00 chega a ter uma exposição visual de 1.000.000 de pessoas. Onde eu conseguiria isso se não fosse na mídia digital? Se fosse comprar um espaço em outdoor na praça de Salvador ou numa TV local gastaria ao menos R$30 mil. 

O Facebook tem plataformas como o WhatsApp e o Instagram que, quando lançadas, chegaram a 100 milhões de usuários, cada, em poucos meses. Hoje, estima-se, tudo junto e misturado no Face algo em torno 3.5 a 4 bilhões de pessoas. Sabem o que isso significa? Metade da população do planeta em termos gerais, sem contar crianças e velhos, o que é mais de 60/70 por cento do público ativo produtor/consumidor.

Bem, não dá para falar de cada uma dessas empresas nesta crônica. Por isso mesmo recomendo o livro do Galloway que representa, no meu modo de ver, um caminho, uma trilha para você se orientar, analisar e seguir o que achar conveniente. Lembrando que v está lendo está matéria no meio digital e esse é o mundo atual. Não tem para onde correr. Se v quiser, a Amazon.com permite que você compre o livro impresso de Galloway sem sair de casa, em qualquer parte do planeta; pode lê-lo no kindle direct (serviço da Amazon) ou no seu tablet, iphone; ou ouvir o livro (em inglês) pelo Kindle, da Amazon. 

Desde 2019, Amazon Prime oferece aos clientes do Brasil por uma assinatura mensal de R$ 9,90 ou anual de R$ 89,90 acesso às séries e filmes do Prime Video e aos vídeos e jogos do Twitch Prime. Além disso, a plataforma permite ouvir músicas pelo Prime Music e ler livros e revistas pelo Prime Reading, ambos liberados para usuários brasileiros.

Não se assuste. Este é o mundo em que você vive.