Cultura

MORRE EM SERRINHA UM DOS PERSONAGENS DOS MEUS LIVROS, O BARBEIRO SOTÉ

Sabino Silva, o popular Soté, faleceu nesta segunda-feira, 9
Tasso Franco , da redação em Salvador | 09/12/2019 às 20:54
Soté e a filha Leilany
Foto: EAS
  Faleceu nesta segunda-feira, 9, em Serrinha, um dos personagens dos meus livros, Sabino Silva, o popular barbeiro Soté, filho da verdureira Teófila, outra figura que fez história na Serra, mãe também de Mea e Beto.
  
   Soté era (e vai continuar sendo) um dos meus personagens prediletos nas crônicas sobre episódios em Serrinha, as histórias e causos contados pelo Lobisomem  (outro personagem que adotei do folclore local), as narrativas da antiga Barbearia de Sêo Otávio, conhecido como "Oficial" onde aprendeu a arte de ser cabelelereiro, numa época em que este profissional se chamava barbeiro.
  
   Depois de frequentar a Barbearia de Sêo Vicente Vidraceiro, menino de corte pimpão, fiquei freguês da casa de Sêo Otávio e cortei dezenas de vezes meu cabelo com "Papagaio", um tocador de banjo que também era barbeiro. Otávio era violonista e Soté aprendeu também a arte da música com ele.
  
   Soté era um personagem que adorava bater papo com ele, todas as vezes que ia Serrinha, até recentemente, por ser bem informado dos causos da Serra - como muitos barbeiros -, por seu eterno bom humor, picardia, mulato sesteiro, um figuraço. Ao lado de sua tenda, outro personagem que também aprecio bastante, o Manoelito dos Anéis. Os dois, em causos, daria um livro. Mas, falta-me competência para fazê-lo.
   
   Joseval Passos, grande conhecedor da história de personalidades populares da Serra, lembra que Soté assumiu a Barbearia de Otávio quando este se mudou para Salvador e se estabeleceu no Largo da Fazenda Grande do Retiro. Papagaio foi trabalhar, também, numa barbearia no Campo da Pólvora, onde, anos depois, idos de 1970, estudando na Faculdade de Filosofia da UBA tornei-me seu cliente.
   
   Lembra o bom de violão e canto Joseval que "nas noites de sábados, no Cantinho da Seresta, (Ladeira da Fazenda Grande) tocávamos choros, chorinhos madrugada a fora. De repente já era de manhã. O cantinho da seresta era de  propriedade de Carlos de Zé  Ribeiro do açude, irmão de Lene do Tenente Laurindo, de Nadinho e outros. Carlos também tocava violão".
   
   São as histórias da Serra, sempre emocionantes. Hoje, Soté partiu para outro campo das galáxias, em paz, sereno. Não poderia ser de outra forma. Pra mim, como personagem, nunca morreu; nem morrerá. (TF)