Cultura

De ‘Woodstock’ a Igatu: festivais nunca saem de moda MAURICIO MATOS

Festival de Igatu, na Chapada Diamantina, acontece de 24 a 26 de agosto
Maurício Matos , Salvador | 18/08/2017 às 18:13
Jimi Hendrix, em Woodstok
Foto: DIV
    Diversos são os festivais de música realizados mundo a fora. Uns exageradamente enormes, outros nem tanto, mas todos com o intuito de reunir bandas dos mais diversos gêneros para um público igualmente diversificado. 

   O 'pai' de todos, sem sombra de dúvidas, foi ‘Woodstock’, ocorrido no ano de 1969, no auge do movimento ‘hippie’, quando tudo parecia se resumir a sexo, drogas e rock and roll.

   O evento, que entrou para história como um dos mais expressivos momentos da música popular mundial, reuniu cerca de 400 mil jovens numa fazenda na cidade de Bethel, nos EUA, para ouvir artistas do quilate de ‘Joan Baez’, ‘Janis Joplin’, ‘The Who’, ‘Grateful Dead’, ‘Joe Cocker’, ‘Jimi Hendrix’, dentre outros.

   A indústria musical comprou o conceito de festival e eventos similares a ‘Woodstock’ passaram a acontecer pelos quatro cantos do mundo, inclusive no Brasil com o Festival de Águas Claras, no interior de São Paulo, no início da década de 1970, com a participação de artistas, como Gilberto Gil, Moraes Moreira, Raul Seixas, Itamar Assunção, Sandra de Sá e Fagner, e bandas como 'Mutantes' e 'A Cor do Som', entre outras tantas atrações.

   O 'Rock in Rio' veio sedimentar e, ao mesmo tempo, profissionalizar esse tipo de evento. Parodiando o ex-presidente Lula, condenado a nove anos de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro, “nunca na história desse país” havia se feito nada parecido como a primeira edição do 'Rock in Rio', cuja média de público foi de 300 mil pessoas por noite e que exibiu o que tinha de melhor no rock mundial à época.

   Quem viu, viu. Quem não viu, teve que se contentar com as edições seguintes do evento, que mais pareciam um ‘Festival de Verão’ realizado em terra carioca, tendo no cast artistas como Ivete Sangalo e Cláudia Leite, que entendem de rock o mesmo que 99,9% da população brasileira entende de ‘mandarim’. Paciência, fazer o quê?

   Assim como uma grade de atrações equivocada pode afundar um festival, o local onde ele é realizado pode agregar valor aos shows, como em Igatu, distrito de Andaraí - cidade da Chapada Diamantina localizada a cerca de 420 quilômetros de Salvador. O Festival de Igatu, previsto esse ano para o período de 24 a 26 de agosto, é, no mínimo, aconchegante.

   A cidadezinha, cuja maioria das casas é feita de pedra, tem um clima agradabilíssimo para festas desse tipo. Já tive o prazer de assistir a uma edição que contou com o guitarrista baiano, Álvaro Assmar, as cantoras Sandra de Sá e Margareth Menezes, entre outras atrações. Nos intervalos das apresentações, o ator Jackson Costa recitava poesias de Castro Alves.

   A edição desse ano traz na programação atrações como ‘Cidade Negra’, Beto Guedes, Roberto Mendes e Jorge Portugal, além da Orquestra Sinfônica da Bahia. São nomes que há algum tempo não fazem parte do ‘mainstream’, é verdade. Entretanto, o talento desses artistas independe de exposição em rádio, jornal, televisão ou internet.

  Já foi testado e aprovado pelo público. E quem já teve o prazer de ir ao Festival de Igatu sabe que a atmosfera e a energia da cidade são tão boas que até se Sandy e Júnior participassem do evento o público iria gostar.