Cultura

CINEMA: EU, drama do marceneiro inglês aos imigrantes, por DIOGO BERNI

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Diogo Berni ,  Salvador | 21/01/2017 às 10:17
Eu, dirigido por Ken Loach
Foto: DIV
Eu, Daniel Blake, dirigido por Ken Loach,  Reino Unido, França, Bélgica, 2016. Não conhecia o protagonista, Dave Johns, mas após ler algumas críticas do filme soube que ele é um pop star na Inglaterra fazendo shows de stand-ups, isto é, um comediante, mas que mostra de maneira dramática e competente a situação de um marceneiro que sofre um ataque cardíaco e se vê todo embaralhado para provar ao sistema inglês que de fato ele teve um ataque e estava impossibilitado de trabalhar. 

Escrevendo assim parece ser uma coisa bem simples, ou seja, vai ao médico e o profissional te autoriza a ficar em casa sendo sustendo pelo governo até que a pessoa fique boa ou apta ao trabalho novamente. 

Na teoria isto seria uma coisa fácil, mas sabemos que na prática o buraco é bem mais em baixo, isto é, a pessoa provar que ela não está mentindo para o governo. Este novo filme do esquerdista diretor inglês, que inclusive ganhou o prêmio de melhor filme do último festival de Cannes, mostra as mazelas da comunicação inoperante e humilhante dos cidadãos e seus governos. 

E o filme vai mais além: discute também os fluxos migratórios que  vivemos por guerra e governos tiranos; todos esses imbróglios encontra-se em tela: em um emaranhado de situações limites de quem não souber se virar nos trinta, vai ficar na mão do automatismo da máquina estatal e por consequência se dará bastante mal. 

Se o filme é digno da palma de ouro de Cannes? Oh se é, pois dá vozes a muitos coitados que por conta da burrocracia, ou seria "burocracia" mesmo? Mas por conta desta se veem sem teto e comida nas ruas de todo o mundo, e não só aqui ou na Inglaterra: Filmaço que dá pra sair dizendo da sessão: ganhei meu dia, salve seu fim de semana também.
                                                                                    *****
Aldo: Mais Forte Que O Mundo, dirigido por Afonso Poyart, Brasil, 2016. O filme, que virou minissérie, conta a estória de vida de um que representa milhares de brasileiros que saem da sua terra natal para conseguir vencer na vida. 

O léxico verbal “vencer” não fora colocado à toa no texto. O verbo está intrinsecamente ligado ao protagonista da trama, José Aldo, o lutador de MMA que mais tempo ficou campeão no UFC em todos os tempos. 

Porém começamos do início quando Aldo era um nada em Manaus. Filho de pai bêbado e trabalhador , este foi o seu pior pesadelo e herói, ambos na mesma intensidade. Cansado de ver sua mãe ser surrada pelo pai o manauara descola uma grana e vai para o Rio de Janeiro onde sua história de lutador começa a ter seus primeiros passos.

 Quando chega, assim como todo imigrante pobre, sua vida é dura e penosa. Entretanto a sua “cascagrossiçe” suporta a falta de grana e noites dormindo ao relento até o convite do seu futuro técnico em treinar e morar na academia que iria lhe mostrar a diferença entre uma briga de rua e de ringue. 

O convite só é feito porque o treinador vê ele saindo na mão com meia dúzia de playboys na lanchonete onde Aldo fazia sucos e açaí, e tal briga ocorrera devido a mulher, ou melhor, para chamar atenção de uma , esta que futuramente seria sua esposa, então podemos deduzir que a briga deu certo a longo prazo. 

Com casa, comida e quimono lavado na academia Aldo mostra que não saiu de Manaus à toa e rapidamente ascende como um dos melhores lutadores do seu peso no Brasil. O final da história todos já sabem: começa a lutar em Las Vegas e vira um dos principais lutadores de MMA do UFC. 

Ou seja: um cara que saiu do nada e virou mais forte que todas as adversidades que encontrou no caminho, pois seu destino estava destinado já a quem iria o sê-lo: um vencedor , que por mais que fosse desprovido de inteligência intelectual, tinha outra afiadíssima: a corporal, esta já nascida com o próprio provando que nós, humanos bípedes; somos providos de inteligências múltiplas.