Cultura

TEMPO DE VINHO: Bebendo estrelas com de Venoge, por MAURICIO FERREIRA

Sua maciez contrasta com a enorme persistência e abundante perlage, dando oportunidade de encontrarmos de forma festiva, amêndoas, frutas brancas e mel.
Maurício Ferreira , Salvador | 21/04/2015 às 15:10
A Venoge custa R$238,00 no sonoma.com.br
Foto: DIV
   Nenhuma bebida frequenta mais o imaginário das pessoas do que um bom espumante (champagne, só os elaborados na homônima região francesa), denominação popularmente usada para designar os vinhos submetidos à espumatização, independentemente do método utilizado em sua elaboração.

    Isso mesmo, os vinhos espumantes podem ser elaborados através de variados processos, nos quais podemos destacar os métodos clássico ou champenoise, Charmat e Aste, dentre outros de menor importância, que lhes conferem características diferenciadas.

    Mesmo estando intimamente associado às comemorações e importantes celebrações, a descoberta da conhecida bebida dos românticos é relativamente recente, se comparada ao vinho tranquilo (não espumante), que remonta a alguns milênios; tendo a sua origem na região de Champagne, no nordeste da França, por volta do final do século XVI, quando o mestre de adega e abade beneditino Dom Pierre Perignon teria aprendido a dominar a técnica da “segunda fermentação” e aplicado na abadia de Hautvillers, a partir da utilização de garrafas de vidro soprado e rolhas mais resistentes, capazes de suportar a enorme pressão formada pela fermentação e responsável pelo surgimento das borbulhas.

   Conta a lenda, que Don Perignon, hoje marca de um dos mais caros champagnes do mundo, ao provar um dos primeiros espumantes que teria conseguido finalizar, exclamou a todos: “Venham ver, estou bebendo estrelas!”, embevecido com as finas bolhas que desprendiam do brilhante líquido na taça.

   Deixando de lado toda essa história, a realidade é que os vinhos espumantes são realmente muito especiais, não apenas pelo que significam, mas, sobretudo, por serem os que mais traduzem o estilo de quem os elabora.

   Produzido em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, alcançaram a perfeição na sua região de origem, de onde também herdaram a exclusiva denominação de Champagne, onde é produzido pelo complicado método tradicional de dupla fermentação, utilizando até três variedades de uvas, a branca Chardonnay e as tintas Pinot Noir e Pinot Meunier, com um estágio de adega de no mínimo um ano, segundo as rigorosas leis locais e pressão interna entre 5 ou 6 atmosferas.

   Da região de Champagne é que se originam as grandes maisons produtoras, com seus rótulos incomparáveis como Veuve Cliquot, Moet et Chandon, Bollinger, Ruinart, Taittinger, Cristal, Krug e tantas outras, que povoam memoráveis acontecimentos na vida das pessoas. 

   Outros locais que produzam espumantes, ainda que pelo método tradicional, não podem usar a denominação Champagne por questões comerciais. Mesmo na França, os espumantes, quando produzidos fora da região original, ainda que pelo método tradicional, não serão reconhecidos como Champagne, sendo intitulados de Crémants (Crémant d´Alsace, Crémant de Limoux, Crémant de Loire e outros).

   Segue uma dica: um bom Champagne para ser degustado em toda a sua plenitude, deve ser resfriado preferencialmente em balde de gelo, até atingir a temperatura aproximada de 6 a 8 graus centígrados para os mais secos (brut), e um pouco menos gelado para os menos secos e doces (demi-sec ou doux), e ser servido em flutes ou taças, em dois estágios: No primeiro momento, serve-se o creme ou a mousse (espesso colar de espuma, como na cerveja, por exemplo), e no segundo estágio, completa-se o conteúdo da taça quando o excesso de espuma baixar.

   A sensação de se degustar um Champagne é única, e não se compara a nenhuma outra bebida, com borbulhas que quase não param de brotar (perlage) e seus aromas típicos de fermentação, como levedura de cerveja e massa de pão, em meio à cítricos e frutas brancas.

   Para o nosso test drink preparamos uma “champa” muito especial, servida por nosso amigo Ticiano, o conhecido “italiano” do Restaurante Amado, experiente garçom, com conhecimentos de sommelier, que se encarregou dos devidos cuidados na preparação da preciosa Champagne de Venoge Brut Blanc de Noirs, considerada a número #4 dos 100 melhores Champagnes NV (Non-Vintage), segundo a revista especializada Fines Champagnes em 2013 e detentora da medalha de ouro na Decanter World Wine Awards 2010.  Uma obra prima.

  Vamos às taças (ou aos flutes).

  Champagne de Venoge Brut Blanc de Noirs - 

  La Grande Maison de Champagne Venoge, como é conhecida a Maison de Venoge foi fundada em 1837 por uma tradicional família de origem suíça, da cidade de Venogiz, região cruzada pelo rio do mesmo nome. 
Em razão da proximidade com a França, aos poucos a família migrou para o território fronteiriço, vindo a fundar pelas mãos do seu descendente mais jovem, o já francês Henri-Marc Venoge, a Casa Venoge de Champagnes.

  Famosa por seus rótulos artísticos, ilustrados por figuras tradicionais, desde 1988 estampa suas garrafas com o retrato do marquês de Mun em um jantar com sua esposa Yvonne de Venoge, em um belíssimo estilo Art Déco.
Toda essa sofisticação não é em vão e na taça não deixa por menos. Assim que a rolha é aberta uma profusão de aroma de lúpulo e brioche assado tomam conta de nossas narinas, em seguida cítricos como doce de casca de laranja e limão siciliano cedem providencial acidez, sempre com muito equilíbrio e sutileza, anulando por completo o álcool volatizado ou qualquer nota que venha a incomodar.

  Sua maciez contrasta com a enorme persistência e abundante perlage, dando oportunidade de encontrarmos de forma festiva, amêndoas, frutas brancas e mel. Enfim, um Champagne completo, realmente bem superior a vários N.V. mais conhecidos em nosso mercado e bem menos complexos.

  Vale dizer, que o fato de ser um Blanc de Noirs - isto é, feito unicamente com as uvas tintas Pint Noir e Pinot Meunier vinificadas em branco, sem as cascas, lhe confere mais estrutura e um sabor bem mais intenso, o que agrada bastante ao consumidor brasileiro. 

  O Champagne de Venoge Brut Blanc de Noirs pode ser encontrado no site www.sonoma.com.br pelo preço de R$ 238,00.