Cultura

DOM FRANQUITO saboreia o filé de dona Terezinha no Restaurante A Lata

Restaurante popular de comida caseira que funciona no bairro do Pernambués desde 1971
Dom Franquito , da redação em Salvador | 24/10/2014 às 09:12
Comida só para os fortes e sem temer o colesterol
Foto: BJÁ
   Sou cliente do filé do Restaurante A Lata desde o tempo em que prestei serviços à antiga Telebahia na assessoria que tinha o comando de Fernando Vita, hoje, conselheiro do TCM e um dos meus personagens em o Rasta do Pelô, crônicas baianas. 

   Nesses muitos anos de existência pouco mudou no espaço físico na casa de Sêo Vanderlino (já falecido), fundada em 1971, sendo que o tratamento dispensado por dona Terezinha, a viúva; Lindalva, sua filha e pela senhora Mary, a graciosa garconete sempre atenta da casa, continua tão bom como antes. 

   E os filés, fale bem deles, pois, saborosos permanecem.

   Na semana passada, a convite de uns meninos da Serra que organizam o Encontro dos Amigos e Filhos de Serrinha, estive mais uma vez no restaurante da rua Pompilio Bittencourt, no Pernambués, para conversas de causos & lendas do Tamboatá. 

   E, obviamente, saborear um dos filés de dona Terezinha. Tem para todos os gostos.

   O filho de Sêo Benedito marceneiro, Jorge Mattos, o tal, não deixa ninguém conversar. Parece uma carretilha e conta histórias & estórias umas e mais outras, desde um festival de música que aconteceu no Cine Marajó organizado por Zé Malta, lá pelo final dos anos 1960, quando venceu a canção "Miquedecompondo" até as tiradas de Ubiratã Lima, no Serviço de Alto Falante Urubixaba, do saudoso Paulo Teíu, do tipo "o cavalo que dá upa também da coice"; e os causos do radialista Categó, o categoria dos pontinhos, que também começou no Urubixaba e foi parar numa rádio da Princesa do Sertão, a gloriosa Feira de Santana.

    Mesa de meninos de certa idade - Jorge Roque, Elisio Simões, Valdemi Oliveira, Uziel Lopes e Jorge Mattos - crentes e católicos a debater uma homenagem a ser prestada no Encontro dos Amigos de Serrinha, próximo dia 22 de novembro, no Restaurante Grande Sertão, ao médico Hamilton Safira, 82 anos de idade, figura emblemática da Serra - doutor, agitador cultural, boêmio, político, desportista, de tudo um pouco.

   E vieram lembranças de outros tantos personagens da Serra, como lembrou Jorge Roque, do "bode velho", Roque da Oficina, o mão de ouro da mecânica da Serra; de Maninho Pintor, o rei do sinuca e violino; Zé Martins, o gogó de ouro; maestro Azevedo, mago das partituras; do Lobisomem que reside no pontilhão do trem na Bomba; de Zuminha, poeta de quadras;  Maria Saborosa, a rainha da noite, e tantos outros.

    Alguém lembrou que Rose e Berinho, filhos de Roque, quiçá cantem no Encontro. E a uma garota prima de Jú Moraes, a qual arrancou suspiros de um certo Serrinha, também iria!

   Falaram também no filho de Chicão de dona Dina, do irmão de Jú Caldas, e outros mais. 

   - Cantores e cantoras não vão faltar - disse Mattos. Se poucos forem, o seresteiro Joceval estará à postos.
   
    Alguém comentou: - Só não deixem o lobisomem cantar, pelo amor do papa Francisco.

   Registre-se que, na mesa, a cerveja que estava sendo servida pela madame Mary era sem álcool. Não estás acreditando? - pergunto yo. 

   Ah! sim, tinha algumas sem álcool e outros com o tal. Yo mismo estava tomando uma Arena Fonte Nova buonissima. 

   A conversa foi entrando tarde a dentro quando fizemos os pedidos, obviamente, o carro chefe da casa, os filés. 

   De minha parte, coxixei no ouvido de Mary que gostaria de um filé, bem passado, com ovos à moda dona Terezinha, vistosos sobre o 'camarada', e mais feijão, batatas, arroz e salada. E adelante, assim que ele fosse posto à mesa deveria ser acompanhado de uma Abaira servida em copo óculos fundo de garrafa.

    - Céus! Isso significa o que? - perguntou Mary.

   - Aquele copinho pequenino próprio aos sábios bebedores da pinga - adicionei.

   Na mesa vizinha à nossa, ampla, repleta de clientes cantou-se parabéns pra você para uma senhorita. 

    Pronto, os filés chegaram a nossa mesa. Cada qual pediu o seu. Creio que foi Elisio Simões que soletrou uma parte da letra do hino de Portugal: "Às armas, às armas...". E fomos aos garfos e cuchillos.

   De minha parte, só elogios. O meu filé, com ovos vistos, comida só para os fortes, foi degustado até o último vintém.

   Essa dona Terezinha é craque na matéria.

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Restaurante A Lata
Rua Numa Pompilio Bittencourt,20, Pernambués
Salvador - Bahia
Fone 71. 3431.0570
Recebe cartões Visa e Master
Filé média de preço R$37,00
Estacionamento na rua 
Não tem manobrista
Não tem ar condicionado mas é arejado
Restaurante tipo comida caseira
Aceita pedidos para eventos
Classificação 2 DONS