Cultura

CINEMA: TEMPO REI ainda vale a pena ser visto, por DIOGO BERNI

CBGB , de Randall Miller , EUA, 2013. Na verdade o nome completo do filme é CBGB & OMFUG que significa: "Country, Bluegrass, and Blues and Other Music For Uplifting Gormandizers"
Diogo Berni , Salvador | 29/08/2014 às 22:54
Vale a pena ver de novo
Foto: DIV
   Tempo Rei, com direção do Andrucha Waddington e tendo inesperadamente como diretor de produção o excêntrico cantor Tim Maia, Brasil, 1996; É um documentário que celebra os trinta anos de carreira do cantor e compositor Gilberto Gil, embora ele completará em 2015 os seus cinqüenta anos de carreira e setententa de existência, então desse modo poderíamos classificar que o documentário estaria um pouco desatualizado, entretanto ainda assim é uma belíssima pedida. 

As suas quase duas horas são regadas a canções próprias do Gil e uma em especial chama atenção, que acontece quando o cantor se encontra com sua mãe, tias e irmãs na sala da casa da família e canta uma música que fez em homenagem a história dos seus pais levando, óbvio, todos os presentes a uma catarse de emoções, lembranças e lágrimas. 

Gilberto Gil fez essa canção quando completou trinta e três anos de idade e diz que quis se presentear fazendo a música para lembrar-se da falta que sentia do seu pai que tinha falecido há pouco; Não Gil: Tu não só te presenteastes fazendo tal música, tu destes este presente para todos que a ouvem e se emocionam também com ela, assim como você. 

No documentário temos ainda o privilégio de acompanhar um “papo cabeça” entre Gil e Caetano acerca da importância retórica do cantor com sua negritude como influência profunda para a formação da cultura brasileira no movimento chamado por Tropicalista. O trunfo maior do documentário é permitir que o artista volte à terra natal: Ituaçu, uma pequena cidade entre o Sertão e a Chapada Diamantina na Bahia. Cidade esta que Gil tem as primeiras influências do Xote e do Baião de Gozagão , Jackson do Pandeiro e Humberto Teixeira. Nas cenas gravadas na cidade Gil explica e mostra os locais de suas inspirações para criar músicas emblemáticas do seu repertório, tais como: Procissão, Expresso 222, Madalena, Cores vivas ,e entre várias outras. As influências de Gil são inúmeras e não somente nacionais como Gonzagão, por exemplo.

 O cantor e compositor baiano “bebe na fonte” para sua formação em Jimmy Hendrix e outros músicos norte-americanos,como por exemplo o Jazz e o Blues, fazendo então que o artista cresça em universos musicais distintos e por isso se transforme em quem o é hoje: Uma das mais importantes referências para a música brasileira ou como preferirem: uma lenda viva Setentenária. Quantas gerações seriam necessárias para conseguir criar um novo Gilberto Gil ou talvez um Caetano Veloso? Deixo esta pergunta no ar, mas credito que artistas desse calibre não nascem todo dia, e aproveito aqui nesse espaço virtual para lançar uma campanha em prol desses monstros sagrados e principalmente profanos da verdadeira música popular brasileira que são poucos valorizados ou não tão como deveriam enquanto ainda vivos; 

Aí quando morrem colocam em um pedestal, mas aí ja é tarde demais porque o artista não pode presenciar o feito, assim como fizeram quando Raul Seixas partiu dessa pra melhor. Triste que seja assim no Brasil, poderia ser diferente como já acontece em outros ínúmeros países, inclusive nos nossos vizinhos da América do Sul e do Norte. Todavia há cerca sobre o documentário visto este é igualmente a Gilberto Gil, excepcional, e por isso é impérdível. 
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   CBGB , de Randall Miller , EUA, 2013. Na verdade o nome completo do filme é CBGB & OMFUG que significa: "Country, Bluegrass, and Blues and Other Music For Uplifting Gormandizers" e, em uma tradução livre, significa "Country, Bluegrass e Blues e outras músicas para levantar gulosos (ou colocar os gordos pra suar)". O filme conta a trajetória do primeiro espaço para bandas como Ramones, The Dead Boys, Iggy Pop, Lou Reed e outros gênios de punk rock a se apresentarem em Nova Yorque. Como fora mencionado na introdução a idéia inicial do proprietário do pub era de fazer do estabelecimento um local para bandas de country music ( mais ou menos como o sertanejo ou a praga do sertanejo universitário brasileiro), entretanto as coisas não saíram como esperado e o local ficou conhecido como o reduto do punk rock. 

O filme é interessante, pois além de contar a história da fase embrionária deste estilo musical, ele tem ainda a peculariedade de misturar em sua estrutura fílmica a animação na obra; Eu explico: é que o diretor ousou em colocar durante o filme alguns diálogos pausados em forma de gibis fazendo com que o filme tenha um formato diferente, ora por animação “gibizada” ou ora por ser um filme de padrões e imagens normais. 

Todavia o fator forte da obra é de fato a própria narrativa dessa trajetória real do dono do pub em que sua vontade era a de apostar na musica interiorana estadunidense, mas o destino colocou em sua vida o punk rock, e ele por sua vez o agarrou, e por ser o pioneiro em abrir as portas para esse estilo musical em 1974 o tal dono do pub até hoje é lembrado como o principal incentivador do estilo musical. 

A vida muitas vezes nos prega essas peças, ou seja, estamos destinados a “cumprir” determinada “missão” e nossa “ficha demora pra cair” e por isso perdemos tempo, o que não foi o caso do nosso protagonista, pois este teve coragem do início ao fim incentivando aqueles jovens malucos a revolucionarem a história da musica mundial. O bar CBGB foi fechado em 2006, fato este que entristece aos amantes do gênero musical; Local este que poderia ser transformado em um museu para as próximas gerações saberem onde começou o punk rock nos Estados Unidos. 
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  Transformers: A Era da Extinção, de Michael Bay, EUA, 2014. Por incrível que pareça este filme foi líder em bilheteria durante três semanas consecutivas nos Estados Unidos e também por aqui no Brasil: Brasileiro este que em sua maioria também é ligado a um fast-food fazendo da sétima arte apenas uma extensão dos seus calóricos hambúrgueres dos shoppings centers com seus complexos múltiplos de cinema, onde na sua imensa maioria só passa besteira para pagarmos com um sacão de pipoca que custa mais caro que o próprio bilhete do filme.

 E tal filme, O Transfomerers, só deixou a liderança de bilheteria tanto daqui do Brasil como dos Estados Unidos por ter entrado outro com as mesmas características; As Tartarugas Ninjas ( Deus é mais, me livre desse..); Mas notório é que o brasileiro embarca como um patinho na onda dos cineastas do Tio Sam; 

Se está fazendo sucesso lá fará daqui a algumas semanas ou meses por aqui também, fato concreto esse que particularmente não me agrada, entretanto para resolver tal simpatia mercadológica teríamos que abordar desde fatores macroeconômicos quanto até a própria incapacidade de formação intelectual do brasileiro que aceita qualquer porcaria/filme vindo de lá. 

Deiixemos dessa discussão que certamente não conseguiríamos mudar esse quadro (só quem teria o poder de mudar isso seria a educação em longo prazo com brasileiros menos “babas-ovos” de Hollywood por terem acesso a informação, e talvez este tal brasileiro poderia comparar filmes feitos nos EUA, na Europa e até no próprio Brasil mesmo ou nos países vizinhos da América do Sul ). 

Mas vamos deixar de querer abrir os olhos das pessoas, já que só quem consegue fazer isso é quem detém os poderes nas mãos, e parece-me que pelos interesses comerciais que Hollywood faz com o resto do mundo esse sistema escroto do entupir as salas de cinema com merda oriunda daquele país não acabará tão cedo. 

O jeito então é recorrer à internet ou ir as salas de arte para ver algo que preste. Pois bem: Já deu pra perceber que achei esse fuck Transfomeres horrível, lastimável até, porém ainda assim vamos a um comentário sobre o fraco filme e a sinopse dele é a seguinte: Alguns anos após o grande confronto entre Autobots e Decepticons em Chicago, os gigantescos robôs alienígenas desapareceram.

 Eles são atualmente caçados pelos humanos, que não desejam passar por apuros novamente. Quando Cade (Mark Wahlberg) encontra um caminhão abandonado, ele jamais poderia imaginar que o veículo é na verdade Optimus Prime, o líder dos Autobots. Muito menos que, ao ajudar a trazê-lo de volta à vida, 

Cade e sua filha Tessa (Nicola Peltz) entrariam na mira das autoridades americanas. E o filme se presta a somente isso escrito na sinopse mesmo (por incrível que pareça), ou seja, um filme de ficção científica com muita culhuda e lutas horríveis e mal feitas com os robôs que ficam camuflados se passando por caminhões velhos para se esconderem dos seus piores assassinos chamados de Homens ou mais especificamente: Nós mesmos.

 Até hoje não consigo acreditar que tais filmes horríveis como esse e ainda sem roteiro nenhum façam tanto sucesso, e isso me indaga a uma auto-pergunta: Será que sempre ando contra a maré em relação à maioria das pessoas? Acho que sim e ainda bem, porque pelo visto o massa mundial emburece cada vez mais.