ITABUNA: 60 mil veículos e ruas esburacadas. E agora?

Aldenes Meira
11/02/2014 às 11:59
Quem acompanha nosso mandato já sabe: a mobilidade urbana é um dos temas que têm prioridade em nossa pauta. Formular políticas públicas para as cidades exige um compromisso efetivo da sociedade com essa questão, e a discussão deve envolver a todos - homens e mulheres, jovens e idosos, motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres.

Fazemos essa introdução para esclarecer que nosso projeto de lei que institui a meia passagem no transporte coletivo aos domingos e feriados, em Itabuna, não é uma proposta isolada e sem maior razão de ser. Não há ilusões de que a meia passagem nesses dias especiais mudará radicalmente o que precisa ser mudado, mas é inequívoca a ideia de caminhar com foco na inclusão.

O mais importante é que o projeto tem o mérito de despertar essa discussão e ampliá-la. Itabuna é uma cidade que se torna cada vez mais intransitável, com cerca de 60 mil veículos em circulação por suas ruas apertadas, muitas esburacadas e mal sinalizadas. É notório também, que vivemos em uma cidade que cresceu sem planejamento e com pouco compromisso com o futuro, mas não se pode falar em “jogar a toalha”.

Antes de propor a meia passagem aos domingos e feriados, nós já demonstramos de outras maneiras a preocupação com a mobilidade. Mesmo antes de chegar à Câmara, organizamos, em parceria com o amigo Roger Sarmento, um passeio ciclístico com o objetivo de chamar a atenção da comunidade para formas alternativas e sustentáveis de transporte. Além disso, a iniciativa foi um mote para cobrar do poder público, a construção de ciclovias e a instalação de ciclofaixas em Itabuna.
Milhares de itabunenses de todas as idades e classes sociais utilizam a bicicleta como meio de transporte, ou para simplesmente se exercitar. Como esporte, o ciclismo tem crescido em nossa cidade, fenômeno que se vê, aliás, em muitos outros centros urbanos. De certa forma, a bicicleta vem ganhando um status mais elevado, talvez pela simples razão de que o automóvel, preso nos engarrafamentos, se torna cada vez mais inviável como meio de transporte urbano.

Em algumas capitais europeias, como Amsterdã, há muito mais bicicletas do que carros nas ruas e, além disso, o transporte público funciona com eficiência. Por lá, já se sabe há algum tempo que não é inteligente nem possível privilegiar os veículos automotores, constatação que alguns já começam a fazer por aqui.

O fato é que Itabuna precisa tratar a mobilidade com a urgência, e com a seriedade necessária. Transporte coletivo acessível e eficiente, ciclovias e ciclofaixas, melhor sinalização, mais segurança e espaço para os pedestres e carona solidária. Tudo isso deve ser pensado e providenciado, e “para ontem”. 
Para nós, é uma satisfação ver que o projeto da meia passagem, além de facilitar o acesso dos mais pobres ao transporte coletivo, serve também para fomentar esse debate.