COMPARTILHANDO RAMOS como Cristo em Jerusalém

Dom José Ruy Lopes
24/03/2013 às 18:56

 A Igreja nos convida hoje, no dia do Senhor, na primeira feira, a entrarmos na Semana Santa, a mais santa entre todas as semanas do ano.

        Assim como Cristo entra em Jerusalém, também nós entramos neste tempo tão sagrado para dEle obter pela Cruz e Ressurreição a nossa Salvação.

       No passado, os mais antigos chamavam essa semana de SEMANA MAIOR, porque nele se consumaram os maiores mistérios de nossa Redenção, os maiores excessos do amor e misericórdia divina, e o maior e mais tremendo exemplo de sua justiça.

       Sabemos que é nossa a tarefa de santificar a vida e também o nosso tempo. Parece-nos simples, mas nos perguntamos o que fazer como cristão para que a Semana Santa seja Santa? Peçamos a Graça de Deus, busquemos o desejo de acompanhar o Cristo apaixonado pela humanidade, ensangüentado por cada um e a intercessão da Virgem  Maria: AVE MARIA.

        Eis que estamos aqui, após quarenta dias de preparação para esta semana nos perguntando: O que fizemos nesta quaresma? Tivemos a coragem de entrar no fundo de nosso coração e descobrir quem de fato nós somos?

       Estamos aqui, devotos e contritos, com ramos que foram cortados para receber o Cristo assim como o festejaram em Jerusalém. O evangelista São Mateus não declarou quais eram esses ramos, mas São João diz que eram de Palmas e São Lucas, ao invés, que eram ramos de Oliveira.

      Seja como for, ao Senhor devemos seguir com estes dois ramos, pois a Palma é símbolo da paciência, assim como o da Oliveira é da misericórdia e compaixão.

      Nesta semana acompanhamos o Senhor Jesus Cristo com a paciência de dedicarmos nosso tempo a Ele, sabendo que Ele pacientemente se dedica em todos os momentos a nossa vida, sobretudo e especialmente quando a nossa vida é carregada de dor e sofrimento.

       Nesta semana acompanhemos o Senhor com a nossa compaixão. Uma coisa é compadecer e outra é padecer com. Compadecer, é compadecer dele. Padecer com, é padecer com Ele. Toda a sua sagrada humanidade do corpo e alma de Cristo nos mereceu sempre muito, mas nunca tanto como nestes dias. Por fora Ele padeceu os  tormentos dos açoites, dos espinhos, dos cravos, da lança que o que o banharam todo em sangue; por dentro padeceu as tristezas, o tédio, os temores e as angústias, as agonias que sem ferro lhe tiraram também o sangue no horto.

       O grande orador sacro, Padre Antonio Vieira, assim perguntava: “O que há de fazer o corpo nesta semana santa? O que há de fazer a nossa alma?” Ele mesmo respondia dizendo: “ O corpo imitar, a alma meditar. O corpo com os ramos da palma, a alma com os ramos da oliveira. A alma há de fazer nestes santos dias do coração um Monte Calvário”.

       Lembremo-nos de quantas semanas santas tem passado sem que nós tivéssemos aproveitado dela; que muito bem pode ser esta a última na vida de alguns de nós. Quantos viram a passada que não vêem esta e, quanto verão esta e não verão a que vem?

       “Se soubéssemos decerto”, continuava Antonio Vieira no Sermão de Domingo de Ramos, “o que haveríamos de fazer se fosse esta a semana mais importante de nossa vida?”

        Façamos uma semana santa, sim. Não por temor. Mas pelo amor do Cristo que Padece sempre conosco.

Em honra e glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.  Amém.

 

 

+Dom José Ruy G. Lopes, OFM Cap

Bispo de Jequié